A abertura do I Congresso de Eficiência do Uso de Solo e Água no Semiárido Tropical, realizada nesta segunda-feira (25) no Auditório Amâncio Ramalho, na Ufersa Mossoró, foi marcada por discursos carregados de orgulho pela cultura e potencial do Nordeste. Com a presença de autoridades, pesquisadores e convidados internacionais, o evento reuniu cerca de 180 trabalhos e promoveu debates essenciais para o desenvolvimento sustentável da região. Confira AQUI a programação na íntegra.
O reitor da Ufersa, professor Rodrigo Codes, destacou a relevância do congresso para a internacionalização da universidade e a troca de conhecimentos. Ele celebrou a presença de delegações internacionais e a ampla participação de pesquisadores de diferentes estados brasileiros.
“Estamos muito felizes com a internacionalização da nossa universidade, recebendo convidados ilustres, como o professor Alfonso, da Espanha, e a professora Edith, da Argentina, além de estudantes e pesquisadores de vários estados. Este é um evento que coloca a Ufersa no centro das discussões sobre sustentabilidade no Semiárido”, enfatizou.
Codes também elogiou a equipe organizadora e ressaltou a importância de eventos como esse para impulsionar a ciência e o desenvolvimento regional. “Essa é uma semana movimentada e especial para a nossa universidade, com eventos de grande impacto para a comunidade acadêmica e para a sociedade”, completou.
O professor Daniel Valadão, presidente do congresso, reforçou a dimensão internacional do evento e agradeceu o apoio recebido para sua realização. Ele fez questão de reconhecer o papel central da professora Eulene Francisco na organização. “Quero destacar a professora Eulene, que foi a verdadeira líder deste congresso. Ela lutou incansavelmente para que tudo acontecesse com excelência. Sem ela, este evento não teria o mesmo brilho”, declarou Valadão, ao reforçar que o congresso é um marco para a região.
A fala mais marcante da manhã ficou por conta da professora Eulene Francisco, coordenadora do congresso. Em uma performance que combinou música, história e emoção, ela exaltou as riquezas culturais e econômicas do Nordeste. “Sou a soma do processo mais nordestino que existe. Meu pai me ensinou a respeitar um povo e uma cultura que eu só conhecia pelas histórias e pela música. Hoje, moro em Mossoró, terra da liberdade, do primeiro voto feminino e da resistência ao cangaço, e tenho orgulho de dizer que este evento é um presente para o Nordeste e para o Brasil”, afirmou, arrancando aplausos do público.
Eulene ainda lembrou a importância de unir ciência e tradição para enfrentar os desafios do Semiárido: “O equilíbrio entre o homem e a natureza é a salvação do sertão. Este congresso é uma oportunidade para discutirmos como ciência, tecnologia e cultura podem transformar nossa região”.
O congresso segue até quarta-feira (27), com uma programação que inclui palestras, mesas-redondas e apresentações científicas. O evento reafirma o papel da Ufersa como um polo de inovação e desenvolvimento no Semiárido, trazendo à tona discussões que unem o saber científico à força cultural e econômica do Nordeste.
SUSTENTABILIDADE AGRÍCOLA – A abertura do I Congresso de Eficiência do Uso de Solo e Água no Semiárido Tropical, que acontece na Ufersa, em Mossoró, contou com a palestra do professor Claudivan Feitosa, da Universidade Federal do Ceará (UFC). Sob o tema “Sustentabilidade agrícola: desvendando elos entre carbono, solo fértil e eficiência hídrica”, Feitosa trouxe reflexões sobre o panorama da agricultura no Brasil e os desafios de conciliar produtividade e sustentabilidade, especialmente em regiões semiáridas.
Questionado sobre como o Brasil pode avançar na sustentabilidade agrícola, mesmo sendo um dos maiores consumidores de agrotóxicos no mundo, o professor destacou a importância da segurança hídrica e do manejo adequado do solo como pilares essenciais.
“O Brasil é um país que usa muita tecnologia na agricultura, mas ela precisa ser sustentável em vários aspectos”, afirmou. Ele também ressaltou a necessidade de considerar não apenas o impacto ambiental, mas também a geração de emprego e renda no campo. “Podemos, sim, trabalhar com uma agricultura sustentável, desde que haja preocupação com o uso eficiente da água e com o manejo correto do solo.”
O professor Feitosa também abordou os principais cuidados que o agricultor deve ter para alcançar a sustentabilidade no uso do solo e da água. “Primeiro, é fundamental usar a água com eficiência. A agricultura precisa ter alta eficiência no uso da água, além de aplicar adubação de forma correta e no momento certo, evitando a contaminação das águas subterrâneas”, explicou.
Para ele, a sustentabilidade só será alcançada com práticas que otimizem o uso dos recursos naturais e reduzam os impactos ambientais: “Eficiência no uso da água, do solo e de todos os insumos químicos é imprescindível para um modelo sustentável.”
Grande parte da produção agrícola brasileira vem de pequenos e médios agricultores, um grupo que, segundo Feitosa, deve ser prioridade nas políticas públicas e na disseminação de tecnologia. “O pequeno agricultor precisa ter acesso à tecnologia. Não há como pensar em uma agricultura sustentável sem eficiência e sem inclusão tecnológica”, destacou. Ele ressaltou a importância de democratizar inovações, garantindo que agricultores familiares possam alcançar maior produtividade e melhorar sua qualidade de vida no campo.
A palestra abriu debates fundamentais para o desenvolvimento sustentável no Semiárido Tropical, região que enfrenta desafios únicos, como a escassez hídrica e a degradação do solo. O evento, que reúne especialistas, pesquisadores e agricultores, busca fomentar soluções práticas para uma agricultura mais eficiente e sustentável, alinhada às necessidades locais. O congresso segue até o final da semana, com palestras, mesas-redondas e apresentações científicas voltadas para as inovações no uso de solo e água.