Pulverizador começou a ser testado no período da noite, durante o horário letivo das aulas de EJA. Foto cedida/arquivo pessoal.
Desde que começou a lecionar em comunidades rurais de Mossoró, Ruan Ramon Torquato Dantas, aluno egresso da Universidade Federal Rural do Semi-árido (Ufersa), vem estimulando o desenvolvimento de projetos que possibilitam melhorias para quem vive e trabalha em localidades afastadas da cidade. Foi com essa perspectiva que o jovem professor, formado em Licenciatura Interdisciplinar em Educação do Campo (Ledoc), desenvolveu um pulverizador movido a energia solar em escolas estaduais na Comunidade da Maísa.
Na próxima quarta, dia 21 de agosto, o invento será uma das atrações da Feira da 12ª DIREC, em Mossoró.
O professor Ramon Dantas destaca, no entanto, que não desenvolveu o projeto sozinho. Na condição de professor de uma turma de Educação para Jovens e Adultos (EJA), ele lançou o desafio aos estudantes de desenvolver algum projeto que pudesse ser levado a feiras de ciências escolares da região.
Pulverizador de baixo custo e movido a energia solar foi desenvolvido sob orientação de aluno egresso da Ufersa. Foto cedida/arquivo pessoal.
“Iniciamos um processo de observação para analisar o que podíamos fazer que atendesse alguma necessidade da comunidade. Logo em seguida, fizemos uma tempestade de ideias e surgiram dois temas principais: a produção de um kart tracionado por um motor de motocicleta e o outro, um pulverizador de baixo custo para os agricultores familiares, que acabou sendo aceito pela turma”, relatou Ramon.
Segundo o professor, a ideia era que o equipamento fosse inovador, sustentável e viável economicamente. Com isso, os alunos, sob a liderança dele, começaram a modelar o projeto, fizeram adaptações e enxergaram possibilidades. “Vimos que o pulverizador precisaria de uma bomba d´água elétrica e, para isso, teria a necessidade de uma bateria”, explicou.
Parte da equipe responsável pela criação do pulverizador, com o professor Ramon Dantas (de preto e usando óculos, na primeira fila). Foto cedida/arquivo pessoal.
Com o uso da bateria, foi preciso pensar em formas de como carregá-la. Foi daí que surgiu a ideia de utilizar a energia solar, usando uma placa fotovoltaica. Por meio de alguns patrocinadores e da comunidade que ajudou o projeto comprando rifas, o protótipo do pulverizador saiu do papel.
Fase de testes
A montagem do equipamento contou com a colaboração de profissionais de soldagem, eletricidade, mecânica e hidráulica. Os testes do novo equipamento já começaram a ser feitos com sucesso. O pulverizador possui 6 bicos com vazão de 800 ml por minuto, totalizando 4,8 litros por minuto.
O equipamento possui uma bateria de 150 amperes que consegue alimentar as bombinhas e a luz de LED por aproximadamente 24h, que seria sua capacidade total. A placa solar, em condições ideais, consegue carregar a bateria totalmente em aproximadamente 12h, caso o agricultor use apenas 50% da capacidade, que é o recomendado.
O custo da produção do pulverizador varia entre R$ 3,5 mil a R$ 4 mil, podendo se tornar ainda mais baixo de acordo com os materiais utilizados. Ainda assim, o custo é bem menor em comparação com outros pulverizadores do mercado, que custam em média R$ 10 mil.
Ainda de acordo com o professor Ramon, o trabalho foi uma enorme conquista coletiva para a turma de Educação de Jovens e Adultos – na modalidade Espaço não Escolares – Educação do Campo. Com o projeto concluído, professor e alunos estão se preparando para participar de outras feiras e encontros científicos.