Pela primeira vez, a Universidade Federal Rural do Semi-Árido oferece capacitação voltada para o controle de qualidade de sementes com o uso do teste de tetrazólio. Trata-se do I Curso Teórico-Prático de Tetrazólio em Sementes de Soja. A técnica já é bastante utilizada nas regiões Sul e Sudeste do país, mas ainda uma novidade no Nordeste. A ideia, informou o professor Salvador Barros Torres, coordenador do Laboratório de Análise de Sementes, é aprimorar a técnica para ampliar a outras espécies vegetais do semiárido. O curso é uma iniciativa do Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia e do Departamento de Ciências Vegetais da Ufersa.
O curso tem como instrutora a professora Dra. Charline Zaratin Alves, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), que possui larga experiência com a utilização do teste tetrazólio em sementes de soja, contanto ainda com o apoio do acadêmico de Agronomia, também da UFMS, Carlos Henrique Queiroz Rego. Ao todo, 15 estudantes de graduação e pós-graduação participam da atividade, inclusive, com a participação de estudantes de outras universidades como UFRN, UFPB e UFC.
Para o coordenador do curso, o professor Salvador Torres, os participantes são estudantes que desenvolvem pesquisas com sementes. “Em se tratando de Região Nordeste os trabalhos com o teste de tetrazólio ainda são escassos, embora essa técnica seja bastante aplicada no Sul do país, principalmente, pela Embrapa Soja”, afirmou. O objetivo do teste é verificar a viabilidade da semente, classificá-la quanto ao seu vigor. Após a aplicação da solução de tetrazóide nas sementes, suas estruturas internas e externas colorem ou não, com isso, segundo os pesquisadores, é um indicativo da qualidade fisiológica da semente, indicando se as mesmas estão vivas, deterioradas ou mortas.
O professor Salvador acredita que a partir das pesquisas existentes com a semente de soja novos estudos poderão ser ampliados utilizando o teste de tetrazólio. Na própria Ufersa já existem experimentos de iniciação científica em andamento com sementes de chia, feijão-caupi, girassol e algumas espécies nativas da Caatinga. A professora Charline Alves frisa que a importância da pesquisa se concentra no controle da qualidade das sementes, citando como exemplo, a soja, o milho e o algodão. “Uma semente de boa qualidade garante uma melhor produtividade”, justifica. Dra. Charline adianta que os testes com o tetrazólio também serve para auxiliar os produtores na tomada de decisões como, por exemplo, colher sementes (semeadura) ou grãos (consumo). O objetivo do I Curso Teórico-Prático de Tetrazólio em Sementes de Soja é expandir a metodologia para outras espécies da região do semiárido.
O estudante do curso de Agronomia da UFMS, Carlos Henrique Queiroz Rego, que auxilia a professora no curso, explica que o tetrazólio é uma substância que reage com as enzimas relacionadas com as atividades respiratórias das sementes. Segundo ele, a semente é composta por tecidos vivos e mortos e que estes ao entrarem em contato com a solução de tetrazólio resultam em colorações diferenciadas. “Essas tonalidades de colorações indicam se a semente está viva (vermelho Carmim), em processo de deteriorização (vermelho carmim forte) ou morta (branco leitoso, ou seja, não colorem)”, informou. O estudante disse ainda que o Brasil é o país que mais utiliza o teste de tetrazólio no controle de qualidade de sementes de soja.
“Constatei uma turma muito interessada o que me levar a crer que o curso será de grande valia para o desenvolvimento de novas pesquisas”, afirmou a professora Charline Alves. André Dantas de Medeiros estuda Agronomia na UFRN foi selecionado para participar do curso oferecido pela UFERSA. “Muito importante essa capacitação que oferece não apenas conhecimento teórico, como também a parte prática”, opinou. Já Flávio Ricardo é aluno da pós-graduação em Agronomia na UFPB, e desenvolve pesquisa com sementes nativas. “Trabalho com sementes de quixabeira, uma espécie nativa da Caatinga, com estudos voltados para o desenvolvimento da planta”, afirmou. O mestrando ressaltou a importância do curso e afirmou que ainda são incipientes trabalhos com espécies nativas utilizando o teste de tetrazólio.
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