Solenidade do Programa Escola da Terra. Foto: Gleyse Monalisa/Assecom/Ufersa
Após seis meses de atividades, o Programa Escola da Terra, do Ministério da Educação, em parceria com a Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), teve a sua conclusão. O encerramento reuniu cerca de 100 professores e gestores de escolas dos municípios de Mossoró, Angicos, Baraúna, Apodi e Ipanguaçu para discutir saberes trabalhados durante a formação.
O programa contou com quatro turmas de formação, três centradas em Mossoró e uma em Angicos, com funcionamento alternado entre os momentos no campus e nas escolas participantes. Um dos principais objetivos do curso foi auxiliar na elaboração do Projeto Político Pedagógico – PPP das instituições de ensino, documento importante para estabelecer diretrizes e definições do estabelecimento. “As escolas do campo tem uma certa defasagem, dificuldade em terem esses documentos elaborados”, explica a professora Fadyla Araújo, membro da organização do projeto, afirmando que muitas dessas escolas não possuem o documento ou estão com ele incompleto.
Como introdução do evento, a turma de cursistas de Apodi subiu ao palco para apresentar sua cultura através de duas mulheres: Lúcia Tabajara e Maria Auxiliadora, liderança indígena e protetora dos sítios históricos da cidade, respectivamente. Juntos, os professores e gestores explicaram a representatividade das duas figuras para o seu município e também ligaram à importância da educação do campo.
Seguindo a programação, estavam na composição da mesa redonda Ana Cleide Costa, quilombola e ativista do movimento negro, Aglailton Fernandes, da direção estadual do MST, e professor do Gilson Rodrigues, do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN). Alguns dos temas presentes no debate foram a decolonialidade, a educação quilombola e indígena, a ocupação de espaços acadêmicos e o acesso à informação.
Resultados exitosos
Professora da Ufersa no Campus Angicos, Fadyla mostra o funcionamento do projeto. “O programa vem sendo desenvolvido através de módulos específicos onde nós discutimos desde as especificidades da educação do campo, até o pensar em uma educação antirracista, para a diversidade, para a criança que atua e que vai crescer no campo”.
Antes mesmo do encerramento do curso, Angélica, professora e gestora de escolas do campo em Angicos, conta que já está aplicando alguns dos conhecimentos adquiridos em seu ambiente de trabalho. “Abriu meus olhos”, diz, “porque eu pude conhecer de verdade como é a escola do campo, a militância, a pedagogia da alternância, e isso foi muito importante para as escolas em que eu trabalho”.
A professora Ayla Fernandes, do município de Baraúna, revela que não conhecia a existência do Projeto Político Pedagógico na escola em que trabalhava e que, apesar das dificuldades no momento inicial, viu o curso como muito importante para conhecer e aprender a elaborar esse documento.
Docente da Ufersa e vice-coordenador do projeto, Ozaias avalia a edição do projeto de maneira positiva, mesmo após os desafios iniciais. “Tem sido uma experiência muito satisfatória, porque a gente aproxima saberes, pontos de vista e perspectivas”, diz.
Após o encerramento das atividades no ambiente acadêmico, o programa continuará suas atividades durante o mês de agosto no campo, para acompanhar a apresentação do novo Projeto Político Pedagógico de cada escola.