A Coordenação Geral de Ações Afirmativas, Diversidade e Inclusão Social (Caadis) e a Pró-reitoria de Gestão de Pessoas da Ufersa promoveram no dia 15 de setembro um evento que teve como tema “Trajetórias LGBTQIAPN+: Histórias, conceitos e vivências – O que temos a ver com isso?”. O objetivo foi oferecer um momento de formação para estudantes e servidores da universidade, durante uma programação realizada nos turnos da manhã e da tarde no prédio da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Proppg).
Pela manhã, a programação foi conduzida pela docente e historiadora Kyara Vieira, que atua no Curso de Licenciatura em Educação do Campo (LEDOC) e no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Cognição, Tecnologias e Instituições. Ela questionou e convidou os presentes a refletirem sobre como lidam com seus corpos e sua sexualidade e quais oportunidades encontram, nos espaços educacionais formais e não formais, para falar sobre esse tema. “É para a gente pensar um pouco o que nos mobiliza e nos traz aqui, mas também o que nos mobiliza nas nossas relações cotidianas no que diz respeito aos nossos corpos”, afirmou.
De acordo com Kyara Vieira, quando nós nascemos a nossa marca de gênero é associada ao sexo, ao tipo de biologia com a qual o nosso corpo é identificado. “A partir dessa identificação, que na maioria das vezes hoje começa com uma ultrassonografia, a gente já passa a ter uma cor, a ter brinquedos, a ter até um pretendente ou uma pretendente, time de futebol, profissão…” enumera ela. “Acontece que muitas pessoas não respondem a essa exigência”. Em seguida, a pesquisadora apresentou um histórico sobre as mudanças que os termos relacionados à homossexualidade tiveram ao longo dos séculos, mostrando que a conotação negativa dada ao termo só teve início nos séculos XVII e XIX.
A tarde, a programação foi retomada com a presença de Emily Fernandes, mestranda do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte; e Klaus Fontenelle, mestrando do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Cognição, Tecnologias e Instituições.
O que temos a ver com isso?
Uma das participantes da programação foi a professora Joseane Macêdo, que atua no Mestrado Profissional de Matemática (PROFMAT/UFERSA) e faz parte da
Comissão de Gênero e Diversidade das Sociedades Brasileiras de Matemática (SBM) e Matemática Aplicada e Computacional (SBMAC). “É uma responsabilidade muito grande estar nesses espaços, mas nós não podemos fugir dessas temáticas”, afirma ela. “Então eu abracei essa causa e essa é uma experiência que vem me transformando”.
Viviane Vaz Castro, assistente social do campus de Pau dos Ferros, disse que veio para a Ufersa com o objetivo de realizar o sonho profissional de trabalhar com a Educação. Depois de ter participado do levantamento voltado para pessoas LGBTQIAPN+, ela conta que se sentiu mais confiante com a possibilidade de futuras intervenções. “Quando tentam identificar quem somos, geralmente, é para se começar a pensar alguma coisa para essa população específica”, reflete ela. “Então quando a gente mapeia a gente cria condições de fazer algo sobre isso”.
Já a psicóloga Solange Maia, que faz parte da equipe da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis, disse que momentos de formação como esse precisam ser valorizados. “Eu acho que o máximo de informação e apropriação do conhecimento nessa área que a gente possa ter é importante até para qualificar mais ainda o nosso trabalho”, afirmou ela. “Nós temos a ver com as minorias e com a diversidade como um todo porque são pessoas que sofrem com isso, que sofrem muita violência. Todos nós temos a ver com essa questão”, pontuou.
Para a pró-reitora de Gestão de Pessoas da Ufersa, Raiane Mousinho, a universidade não pode ser um local para a manifestação de nenhum tipo de intolerância. “Quando alguém sofre preconceito, isso também me afeta”, disse ela, que destacou a realização, em 2023, do levantamento com toda a população LGBTQIAPN+ dos quatro campi da Ufersa. De acordo com Raiane, o próximo passo será a formação de uma comissão para analisar e fazer os primeiros encaminhamentos sobre os dados coletados.