
Experimentos foram montados no Pomar da Ufersa, em Mossoró e, na Fazenda Rafael Fernandes, com umbu-cajá, cajá e a seriguela. /Foto: Analise Sousa
Com o objetivo de preservar espécies nativas do semiárido e fortalecer a agricultura familiar, a Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) está à frente do projeto Rota da Fruticultura, uma iniciativa financiada pelo Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), com orçamento de R$ 1,2 milhão e duração prevista de até 60 meses.

Professor Glauber coordena o Projeto com spondias/Foto: Analise Sousa
Segundo o coordenador do projeto, professor Glauber Nunes, a proposta surgiu da necessidade de valorização das espécies do gênero Spondias, como o umbu-cajá, cajá e a seriguela. “Essas espécies têm um apelo social muito grande e são fonte de renda extra para o agricultor”, explica o pesquisador. Além da relevância econômica, ele destaca o impacto ambiental positivo: “Elas não exigem tanta água, são adaptadas ao nosso semiárido e contribuem para o aumento da área verde com espécies nativas”.
A pesquisa conta com um Banco de Germoplasma (Bag) para conservar e fortalecer pesquisas das frutíferas do Semiárido. O objetivo é identificar variedades mais produtivas e adaptadas ao clima da região, permitindo futuramente a multiplicação e distribuição para os produtores da região.
Segundo o professor Vander Mendonça, coordenador do Grupo de Fruticultura da UFERSA, cada planta foi georreferenciada e registrada, garantindo rastreabilidade genética desde a coleta até o cultivo experimental. As mudas estão sendo avaliadas em aspectos como crescimento, desenvolvimento e, futuramente, qualidade dos frutos.

Professor Vander é responsável pelo Banco de Germoplasma/Foto: Analise Sousa
O banco, que deve reunir cerca de 50 acessos, representa um passo fundamental para transformar espécies tradicionalmente cultivadas em fundos de quintal em alternativas viáveis para o agronegócio e a indústria de polpas e sucos.
O projeto, aprovado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, busca ainda preencher uma lacuna histórica de estudos científicos sobre essas espécies nativas. Para o professor Vander, o BAG é estratégico para a segurança alimentar, a conservação da biodiversidade e o fortalecimento da agricultura familiar. “É um trabalho de médio a longo prazo, mas que pode transformar o potencial das Spondias em uma nova fronteira produtiva do Semiárido brasileiro”, conclui.
A UFERSA é a instituição executora do projeto, contando com o envolvimento direto de estudantes, professores e servidores. Já o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional fornece os recursos financeiros e apoio logístico. “O MDR dá o recurso para que o projeto seja executado e toda a orientação para que sigamos os trâmites burocráticos e logísticos”, destaca Glauber.
O professor acrescenta que o foco é fornecer alternativas sustentáveis e rentáveis. “Essas frutas servem de matéria-prima para sorvetes, polpas, sucos. São muito valorizadas pela agroindústria”, afirma. Além disso, ele pontua que o projeto envolve “pesquisadores de várias áreas e permite a formação de estudantes de pós-graduação em genética e melhoramento de plantas”.

Estaquia de spondias no Setor de Produção de Mudas/Foto: Cedida
A umbu-cajazeira, embora ainda explorada de forma extrativista, possui grande potencial para geração de emprego, renda e segurança alimentar, sobretudo no semiárido. A valorização das Spondias contribui não apenas para o desenvolvimento econômico sustentável, mas também para a preservação de espécies nativas e da agrobiodiversidade regional.
O professor Glauber ressalta que o foco é fornecer alternativas sustentáveis e rentáveis. “Essas frutas servem de matéria-prima para sorvetes, polpas, sucos. São muito valorizadas pela agroindústria”, afirma. Além disso, ele pontua que o projeto envolve “pesquisadores de várias áreas e permite a formação de estudantes de pós-graduação em genética e melhoramento de plantas”.
O projeto ainda se propõe a formar recursos humanos qualificados, integrando ações de ensino, pesquisa e extensão em cursos de graduação e pós-graduação da UFERSA. Dessa forma, proporciona aos estudantes oportunidades de aprendizagem prática e promove a conscientização sobre a importância da conservação ambiental.

Mudas de cajarana/Foto: Cedida
Apesar da simplicidade relativa na produção de mudas, o processo de “pegamento” – quando a estaca enraíza – apresenta perdas naturais. “Cerca de 20% das estacas não enraízam, por isso produzimos um volume maior para garantir as 110 mil mudas estipuladas”, explica o professor. Sobre o potencial produtivo, ele destaca a importância da seleção genética. “Uma planta bem produtiva de cajarana pode render até 50 toneladas por safra. Por isso é importante identificar e multiplicar essas variedades mais eficientes”.
A Rota da Fruticultura se alinha aos objetivos de desenvolvimento sustentável, associando conservação da biodiversidade, produção científica e apoio direto às comunidades rurais. “Estamos lidando com culturas que têm excelente aceitação no Sul e Sudeste do país, especialmente para produção de polpas. É uma iniciativa que agrega valor e pode gerar renda para muitos agricultores da região”, destaca o coordenador do projeto Glauber Nunes. Esse projeto mostra a missão da UFERSA enquanto produtora de conhecimento e como agente de transformação social no semiárido brasileiro.
Produção e distribuição com foco na sustentabilidade

Uma planta adulta pode render até 50 toneladas da fruta por safra, daí a importância de identificar e multiplicar essas variedades mais eficientes/Foto: Passos Jr
A UFERSA seguirá até 2027 na produção de mudas do gênero Spondias, contemplando três espécies que estão sendo pesquisadas (cajá, umbu-cajá e siriguela). Coordenado pelo agrônomo Giorgio Mendes Ribeiro, técnico do Centro de Ciências Agrárias, o Setor de Produção de Mudas já alcançou 50% da meta estabelecida até 2027, com 60 mil mudas produzidas das 110 mil previstas. O projeto contempla municípios da região Oeste potiguar e também apoia localidades que manifestem interesse por meio de ofícios enviados à universidade.

Giorgio Mendes, responsável pela produção das mudas/Foto: Passos Jr
O processo de produção das mudas envolve etapas criteriosas, desde a compostagem de resíduos orgânicos até a estaquia (processo de multiplicação de mudas por estacas) e aclimatação das plantas. A produção utiliza substrato feito com arisco (areia fina rica em argila) e composto orgânico (adubo), este último produzido no próprio setor, a partir de esterco e folhas.
As estacas das spondias selecionadas passam por tratamento específico para enraizamento e, após plantadas, seguem para um ambiente de adaptação climática até chegarem ao viveiro definitivo. “As mudas ficam no berçário por cerca de 30 dias e, em seguida, são levadas ao viveiro, onde recebem cuidados diários”, explica Giorgio Ribeiro.
Envolvendo estudantes bolsistas dos cursos de Agronomia, Ecologia e Engenharia Florestal, o projeto promove formação teórica e prática sobre o cultivo das espécies. Além disso, contribui para o fortalecimento da agricultura familiar, com foco no aproveitamento comercial e potencial de exportação dos frutos. As mudas serão distribuídas a agricultores de pelo menos 20 municípios do Oeste do Rio Grande do Norte, promovendo o fortalecimento da agricultura familiar.

Estudantes participam como bolsistas da produção das mudas/Foto: Passos Jr
A distribuição leva em consideração as demandas específicas de cada município, visando estimular o cultivo comercial e o aproveitamento agroindustrial dessas frutas, tanto no consumo in natura quanto na produção de sucos, doces, polpas congeladas, picolés e outros derivados.

Setor de Produção de Mudas/Foto: Passos Jr
Apesar da simplicidade relativa na produção de mudas, o processo de “pegamento” – quando a estaca enraíza – apresenta perdas naturais. Daí a produção num volume maior para garantir as 110 mil mudas estipuladas. Sobre o potencial produtivo, ele destaca a importância da seleção genética. “Uma planta bem produtiva de cajarana pode render até 50 toneladas por safra. Por isso é importante identificar e multiplicar essas variedades mais eficientes”.
A UFERSA é a instituição executora do projeto, contando com o envolvimento direto de estudantes, professores e servidores. Já o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional fornece os recursos financeiros e apoio logístico. “O MDR dá o recurso para que o projeto seja executado e toda a orientação para que sigamos os trâmites burocráticos e logísticos”, destaca Glauber.
Além do coordenador, o projeto conta com a participação dos professores Francisco de Queiroz Porto Filho, Ioná Santos Araújo Holanda, Moises Ozorio de Souza Neto, Lindomar Maria da Silveira, Liz Carolina da Silva Lagos Cortes Assis, Poliana Coqueiro Dias Araújo, Eudes de Almeida Cardoso, Cláudia Alves de Sousa Muniz, Ester Medley Bezerra Teixeira de Almeida e Francisco das Chagas Gonçalves.