
Filme biodegradável que protege e prolonga a vida útil de alimentos foi produzido a partir da alga marrom (Dictyota mertensii). Foto: Eduardo Mendonça/Assecom.
Produzido a partir da alga marrom (Dictyota mertensii), comumente encontrada em praias do Rio Grande do Norte, um filme biodegradável que protege e prolonga a vida útil de alimentos acaba de trazer mais uma patente para a Universidade Federal Rural do Semi-árido (Ufersa). O trabalho foi feito por Luiz Paulo de Oliveira Queiroz, com orientação dos professores Ricardo Leite e Edna Aroucha, ambos da Ufersa.
Com esta patente, a Ufersa chega a 18 inovações reconhecidas pelo INPI. Confira a relação completa.
“A grande inovação dessa pesquisa é aproveitar um produto que é comumente tratado como algo a ser descartado”, comenta Luiz Paulo Queiroz, que concluiu o curso de doutorado na Ufersa no mês de fevereiro com uma conquista inédita para o Prodema e para a pós-graduação da Ufersa: os quatro capítulos de sua tese renderam seis pedidos de patente de inovação, todos em decorrência da extração e da aplicação do alginato da alga marrom.
Outro ponto relevante, de acordo com Luiz Paulo Queiroz, é que o bioplástico produzido em laboratórios da Ufersa teve um excelente desempenho mesmo antes de passar por processos químicos de aprimoramento. “Mesmo sem aditivo nenhum, ele teve boas propriedades mecânicas e uma boa barreira ao vapor de água, além de ser o primeiro bioplástico do mundo feito a partir do alginato dessa alga”, destaca ele.
Essa, portanto, é a segunda patente obtida pela pesquisa de Luiz Paulo de Oliveira Queiroz no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (Prodema). Em outubro de 2024, a extração do alginato dessa mesma alga – um produto em pó com diversas possibilidades de aplicação – já obteve uma primeira patente de inovação concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
Com duas patentes já concedidas, os pesquisadores envolvidos aguardam agora a avaliação do INPI sobre os depósitos que ainda estão pendentes. Mas o reconhecimento do ineditismo e da inovação trazidos pela pesquisa também é evidenciado em publicações de alto impacto. A revista Carbohydrate Polymers, por exemplo, a mais influente do mundo na área de química orgânica, publicou em janeiro deste ano alguns resultados da pesquisa desenvolvida na Ufersa (confira abaixo essa e outras publicações resultantes desta pesquisa).

Os pesquisadores Luiz Paulo de Oliveira Queiroz (à esquerda) e Ricardo Henrique de Lima Leite. Foto: Eduardo Mendonça/Assecom.
Grupo de pesquisa
O grupo de pesquisa Inovação e Tecnologia de Qualidade de Alimentos do Semiárido Tropical vem dando espaço ao desenvolvimento de pesquisas como a realizada por Luiz Paulo Queiroz. Coordenado pela professora Edna Aroucha, o grupo tem a proposta de solucionar problemas a partir de matérias primas disponíveis no ambiente onde a universidade está inserida.
“A gente busca valorizar recursos naturais para gerar desenvolvimento para a região do semiárido”, comenta o professor Ricardo Henrique de Lima Leite. Segundo ele, as pesquisas se dedicam ao desenvolvimento de bioplásticos e bioadsorventes que são aplicados na conservação de alimentos e na despoluição.

Filme biodegradável é resultado da extração do alginato da alga marrom – um produto em pó com diversas possibilidades de aplicação. Foto: Eduardo Mendonça/Assecom.
Publicações
Antes mesmo de apresentar sua tese, o pesquisador Luiz Paulo Queiroz, juntamente com outros pesquisadores e colaboradores, já pôde avaliar o impacto positivo de suas descobertas por meio da publicação de artigos em periódicos mundialmente relevantes, de acordo com critérios da base de dados Web of Science.
“Para se ter uma ideia da relevância, revistas como Food Hydrocolloids, que é o quarto periódico mais relevante no mundo na área de Ciência e Tecnologia de Alimentos, e Carbohydrate Polymers, o periódico mais relevante no mundo na área de Química Orgânica, publicaram, juntas, mais de três mil artigos em 2024”, contabiliza o docente e orientador da pesquisa Ricardo Henrique de Lima Leite. “Desses, apenas 41 artigos, ou 1,37% do total, foram de origem brasileira, e apenas seis da região Nordeste, sendo dois de autoria de Luiz Paulo e do nosso grupo”, complementa.
Confira abaixo as publicações mais relevantes:
“Optimization of alginate extraction conditions from the brown seaweed Dictyota mertensii using a central composite design”, publicado na Algal Research (Impact Factor 2023: 4.6, Qualis A1)
“Influence of alginate extraction conditions from the brown seaweed Dictyota mertensii on the functional properties of a novel glycerol plasticized alginate film”, publicado na Carbohydrate Polymers (Impact Factor 2023: 10.7, Qualis A1)
“Optimization of novel sustainable Dictyota mertensii alginate films with beeswax using a simplex centroid mixture design”, publicado na Food Hydrocolloids (Impact Factor 2023: 11.0, Qualis A1)
“A novel edible biocomposite coating based on alginate from the brown seaweed Dictyota mertensii loaded with beeswax nanoparticles extends the shelf life of yellow passion fruit”, publicado no International Journal of Biological Macromolecules (Impact Factor 2023: 7.7, Qualis A1)

O pesquisador Luiz Paulo de Oliveira Queiroz, doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (Prodema) da Ufersa e docente do campus de Limoeiro do Norte do Instituto Federal de Educação do Ceará (IFCE). Foto: Eduardo Mendonça/Assecom.

O professor Ricardo Henrique de Lima Leite, do Centro de Engenharias da Ufersa, foi um dos orientadores da pesquisa. Foto: Eduardo Mendonça/Assecom.