
Trabalho, orientado pelo professor da Ufersa, Dr. Humberto Dionísio, representa um avanço significativo para a área aeroespacial no semiárido brasileiro/Foto: Assecom
O avanço da exploração espacial e a miniaturização de satélites trouxeram novos desafios para a comunicação entre esses dispositivos e a Terra. Pensando nisso, o pesquisador Nickson Saymon de Oliveira Lopes desenvolveu, em sua dissertação de mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), um arranjo de antenas de microfita especialmente projetado para satélites CubeSat. O trabalho, orientado pelo professor Dr. Humberto Dionísio de Andrade (Ufersa) e coorientado pelo professor Dr. Jarbas Aryel Nunes da Silveira (UFC), representa um avanço significativo para a área aeroespacial no semiárido brasileiro.

Mockup é um modelo de engenharia que imita uma parte de um sistema/Foto: Cedida
O Arranjo de antena é acoplado ao mockup que é um modelo de engenharia que imita uma parte de um sistema. “Ele é utilizado para testar algo, sem ter a necessidade de ter um modelo real. Utilizamos esse mockup para testar o encaixe da antena. Para ver se ela cabia”, afirmou Nickson.

Antena para acoplar ao mockup/foto: Assecom
Os CubeSats são satélites de pequeno porte que vêm sendo amplamente utilizados em pesquisas climáticas, agrárias e diversas outras aplicações científicas e tecnológicas. Para que esses dispositivos cumpram suas funções, é essencial contar com antenas que permitam a transmissão de informações à Terra.
“A gente construiu uma antena miniaturizada para poder caber dentro do padrão CubeSat, que tem uma limitação de 10 cm”, explica Nickson Lopes. “Ela permite a comunicação do satélite, enviando dados sobre sua saúde, telemetria, status da bateria, dos painéis solares e também sua carga útil, que pode ser imagens, vídeos ou outras informações coletadas pelo sensor a bordo”, acrescentou.
O projeto desenvolvido na Ufersa já resultou em um produto funcional, e os próximos passos incluem a conquista da patente e a adaptação dos materiais para aqueles já homologados para voos espaciais.

Mestre em Engenharia Elétrica, Nickson e, orientador, professor Humberto, comemoram resultado da pesquisa/Foto: Assecom
RELEVÂNCIA – Para o professor Humberto Dionísio de Andrade, a pesquisa evidencia a capacidade da Ufersa de realizar estudos de alto nível na área aeroespacial. “A gente sempre acha que a área espacial é algo longe da nossa realidade, mas não é. Um satélite como esse pode ser um protagonista em pesquisas climáticas e agrárias, estando totalmente alinhado com a temática do nosso programa de pós-graduação”, afirma o docente.
O professor destaca ainda o papel do Laboratório de Micro-ondas (LabMicro) da Ufersa, do qual é coordenador. “Esse é o primeiro trabalho desenvolvido pelo programa voltado para a área aeroespacial, e acredito que seja uma porta de entrada para novos alunos, mostrando que temos estrutura para desenvolver pesquisas nesse campo”, afirmou.
O Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Ufersa tem se consolidado como um centro de formação de excelência na região. Segundo o professor Humberto, trata-se de um programa único dentro do Centro de Engenharia, oferecendo três linhas de pesquisa: Sistemas Elétricos de Potência, Telecomunicações e Eletromagnetismo Aplicado, além de Sistemas de Automação e Controle.
“A pós-graduação permite que os alunos continuem seus estudos sem precisar sair da região, o que antigamente os obrigava a se deslocar para capitais, gerando altos custos. Ter um programa desse nível aqui no semiárido brasileiro tem um impacto social gigantesco”, ressalta o professor.
O sucesso do trabalho de Nickson Lopes já abriu novas portas para o pesquisador, que foi aceito no doutorado da UFRN. “A gente fica feliz quando os alunos vão além do que a gente foi”, conclui Humberto, destacando a importância da formação contínua para o avanço da ciência e tecnologia no Brasil.