O trabalho de curadoria da professora Kyara Vieira, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas e Humanas (CCSA) da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), ganhou destaque nacional ao ser premiado na 37ª edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, promovido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A premiação reconheceu a exposição museológica virtual De menina da pastinha a uma das maiores escritoras do Brasil: Cassandra Rios faz 90 anos, que celebra o legado da escritora paulistana Cassandra Rios, uma das autoras mais censuradas do Brasil no século XX.
Organizada em 2022 para marcar os 90 anos de nascimento da escritora, a exposição, hospedada no site do Museu Bajubá, resgata a trajetória de Cassandra Rios e sua obra, que explorou temas como o amor entre mulheres em um período de forte repressão cultural. A mostra está hospedada no site do Museu Bajubá: https://museubajuba.org/cassandra-faz-90-anos/
Para a professora Kyara Vieira, a premiação é um marco na valorização da memória LGBTQIAPN+ e da pesquisa acadêmica sobre a autora. “Saber que a exposição com organização e curadoria minha foi vencedora desse importante prêmio me enche de alegria e orgulho: pela envergadura do concurso e pelo reconhecimento de mais de uma década de pesquisa sobre essa autora paulistana, a mais proibida entre as décadas de 1950 e 1985. Além disso, o parecer da comissão avaliadora destacou tanto a robustez da exposição quanto o papel do Museu Bajubá na preservação da memória LGBTQIAPN+”, afirmou.
A diretora do Museu Bajubá, Rita Colaço, destacou o impacto da conquista para a valorização da cidadania cultural LGBTQIAPN+. “Ser premiados pelo IPHAN demonstra a qualidade do trabalho profissional que realizamos em prol da valorização de narrativas historicamente silenciadas. Essa exposição é um exemplo de como a história e a memória podem transformar a percepção da sociedade sobre as contribuições das pessoas LGBTQIAPN+ ao patrimônio cultural brasileiro”, declarou.
Além de homenagear Cassandra Rios, a exposição incluiu atividades como mesas-redondas e documentários, alcançando um público diversificado composto por acadêmicos, ativistas e estudantes. A iniciativa foi destacada pela comissão do IPHAN como “uma ação de excelência no campo do Patrimônio Cultural Brasileiro”, elogiando sua originalidade, relevância e impacto.
Os próximos passos incluem a elaboração de um mapa interativo do patrimônio LGBTQIAPN+ e a criação de uma biblioteca física em Rio das Ostras, ampliando o alcance das iniciativas do Museu Bajubá. Com colaboradores espalhados pelo Brasil, o projeto virtual transcende fronteiras regionais, consolidando a Ufersa e o Museu Bajubá como referências na preservação da memória LGBTQIAPN+ e na valorização de figuras como Cassandra Rios.