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Comunicação

Mural Angicos: arte e história na paisagem do sertão central potiguar

Arte e Cultura, Campus Angicos 19 de novembro de 2024. Visualizações: 67. Última modificação: 19/11/2024 15:55:42

A obra, com sua estética geométrica, passou a contar a história do sertão e do semiárido, trazendo elementos da fauna, flora, relevo, educação, ciência e tecnologia e, abaixo

o reitor da Ufersa, Rodrigues Codes, confere e aprova a iniciativa/Foto: Cedida

Um mural imponente agora embeleza o Campus Angicos da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), no sertão central do Rio Grande do Norte. Com 42 metros quadrados de arte geométrica, a obra retrata figuras icônicas como Paulo Freire e Alzira Soriano, e simboliza a resistência, a história e a identidade da região. Criado pelo renomado artista Andruchak Marcos, o mural é fruto de uma parceria entre a UFRN e a Ufersa para presentear a Região do Semiárido. A obra foi produzida através do Projeto de Extensão ” Andruchak  Arte Brasil”.

Desde a fundação do Campus Angicos, havia um desejo latente de integrar a arte ao espaço universitário, criando uma conexão simbólica com a cultura local. Embora o campus já contasse com um mural remanescente da antiga Fomento Agrícola, retratando a agricultura familiar, a comunidade acadêmica sentia a necessidade de uma obra que refletisse não apenas a tradição, mas também a inovação e o espírito educacional da universidade.

A celebração dos 15 anos do campus em 2024 proporcionou a oportunidade perfeita para concretizar esse desejo. José Anjo, servidor do campus, foi um dos principais articuladores do projeto, retomando contato com Andruchak Marcos, professor e artista da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), reconhecido por suas obras monumentais espalhadas pelo mundo.

O “Mural Angicos” agora se ergue como um marco histórico, ressignificando o espaço do Campus Angicos e integrando arte e cultura à paisagem do sertão. A obra simboliza o florescimento do conhecimento em meio à aridez do semiárido e reafirma o compromisso da Ufersa com a valorização da identidade local.

O professor Andruchak Marcos, em sua simplicidade e genialidade, presenteou a comunidade acadêmica e a região com uma obra que ultrapassa o tempo e se torna um legado cultural. O mural é mais do que uma pintura; é uma narrativa visual que une passado, presente e futuro, celebrando a força do povo sertanejo e a sua rica história.

Com o “Mural Angicos”, a Ufersa consolida-se como um espaço de reflexão, conhecimento e valorização das raízes potiguares, deixando uma marca indelével na história da cidade de Angicos e de toda a região central do Rio Grande do Norte.

Processo de construção do mural/Foto: Cedida

Processo Criativo: Entre os dias 24 e 27 de outubro, o campus transformou-se em um verdadeiro ateliê a céu aberto. Estudantes, docentes e técnicos administrativos acompanharam de perto o trabalho minucioso do artista e da equipe de colaboradores. Ao todo, foram mais de 203 horas dedicadas à construção do mural, coordenadas pelo engenheiro civil Eduardo Graciliano, que destacou o desafio técnico do projeto: “O método executivo e a sincronia da equipe exigiram adaptações diárias para garantir a entrega dessa obra de arte”, revelou Graciliano.

O mural possui 14 metros de comprimento e 3 metros de altura, e sua criação envolveu sete profissionais, incluindo pedreiros e auxiliares. Além disso, o envolvimento da comunidade acadêmica foi fundamental, como ressaltado pelos servidores terceirizados João Maria e José Nilton (Bié). “Foi um trabalho puxado, mas gratificante. Sentimos orgulho em fazer parte disso”, comentou João Maria.

A obra de Andruchak Marcos incorpora elementos do sertão, da fauna e flora locais, e destaca personalidades históricas como Paulo Freire, educador de renome internacional, e Alzira Soriano, a primeira mulher eleita prefeita no Brasil, natural de Lajes, cidade vizinha. A sugestão para incluir Alzira Soriano partiu de José Anjo, que justificou: “Ela representa a força da mulher sertaneja, símbolo de resistência e pioneirismo”, justificou José Anjo.

Equipe que contribuiu para a concepção do mural/Foto: Cedida

Além das figuras humanas, o mural apresenta uma narrativa visual rica em símbolos. O pico do Cabugi, um marco geográfico da região, está representado ao lado de elementos da fauna local, como a flor de mandacaru. A igreja matriz de São José, um dos símbolos históricos de Angicos, também foi incorporada após uma visita inspiradora ao local, que revelou sua importância centenária.

Segundo o diretor do campus, professor Samuel Azevedo, o mural transcende o aspecto estético e se transforma em um símbolo de identidade regional: “As imagens estilizadas no geometrismo característico de Andruchak contam a história do sertão, integrando passado, presente e futuro. A obra representa a força do trabalhador, a inclusão, com a presença de uma figura cadeirante, e o compromisso com a educação e a ciência”, afirmou o professor Samuel.

A conclusão do mural foi marcada pela emoção e pelo reconhecimento dos estudantes e servidores. Dayze Valkiria, discente do campus, destacou o impacto visual da obra: “A energia vibrante e acolhedora do mural representa a diversidade e a cultura do campus.” Para Letícia Silva, também estudante, a arte simboliza a existência, a resistência e o florescimento do semiárido potiguar.

O sentimento de gratidão e realização foi compartilhado por toda a equipe envolvida, especialmente por José Anjo, que acompanhou o projeto desde o início. “Ver o mural concluído é um sonho realizado. É uma obra que representa a nossa terra, a nossa gente e o compromisso da universidade com a arte, a educação e o desenvolvimento regional”, celebrou.