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Comunicação

Tecnologia Sustentável: Patente de Forno pode revolucionar produção de carvão no semiárido

Inovação, Pesquisa, Pós-graduação 11 de outubro de 2024. Visualizações: 285. Última modificação: 11/10/2024 11:17:16

Protótipo do miniforno retangular de alvenaria para a produção de carvão vegetal e recuperação do extrato pirolenhoso a partir da fumaça desperdiçada/Foto: Cedida

Nessa semana, uma inovação na produção de carvão vegetal desenvolvida pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa) em parceria com Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) conquistou a 11º Patente  pela Universidade. A inovação traz uma solução eficiente e sustentável para produtores da região semiárida. O forno, fruto de uma tese de doutorado, promete não apenas aumentar a produtividade na produção de carvão vegetal, mas também proporcionar um meio de trabalho mais salubre e ambientalmente correto.

Projeto do forno retangular/Foto: cedida

O professor Rafael Rodolfo de Melo, da Ufersa, que orientou a pesquisa de doutorado, destaca que o novo forno é uma oportunidade de transformar o atual modelo de produção de carvão na Região. “A produção de carvão muitas vezes está ligada a condições de trabalho insalubres e até escravidão. O nosso objetivo é proporcionar um meio de produção digno e que impacte menos o meio ambiente”, explica o professor. Ele acrescenta que o sistema proposto pode trazer um rendimento de até 35%, muito superior ao obtido pelos modelos tradicionalmente adotados por pequenos agricultores (“caieiras”), que ficam em torno de 15% a 20%.

Além do aumento da produtividade, o sistema desenvolvido também visa o aproveitamento dos gases emitidos durante o processo de carbonização. “A parte da fumaça que seria desperdiçada é condensada e transformada em extrato pirolenhoso, um subproduto que tem valor de mercado e pode ser comercializado pelos produtores”, completa o professor Rafael.

Extrato pirolenhoso valor agregado na produção do carvão/Foto: Cedida

A patente conquistada pela Ufersa é fruto do trabalho de doutorado do professor Felipe Bento Albuquerque, do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN). A pesquisa foi realizada dentro do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento do Meio Ambiente (PRODEMA) da Ufersa. Para o professor Rafael Melo, esse reconhecimento abre portas para a transferência de tecnologia. “A patente confirma a inovação tecnológica desenvolvida e ajuda a difundir essa tecnologia para mais pessoas. Elaboramos até uma cartilha, com linguagem mais acessível, para facilitar o acesso a esse conhecimento e promover a divulgação de uma alternativa sustentável e ambientalmente adequada a estes produtores”, acrescentou.

O professor Felipe Bento autor da tese que resultou na patente, celebra o resultado com entusiasmo. “Foi um longo processo de trabalho e dedicação durante o doutorado. A ideia surgiu a partir de uma parceria com a Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ/UFRN). Esperamos que esse sistema aumente a produtividade e os ganhos dos pequenos produtores”, afirma Felipe.

Além do carvão, o forno também gera o extrato pirolenhoso, um líquido com diversas aplicações na indústria alimentícia, farmacêutica e de cosméticos. “Esse subproduto vem agregar mais valor à cadeia produtiva, dando ao produtor uma nova fonte de renda. O pequeno produtor, especialmente da Região Semiárida, poderá entender como produzir e comercializar esse extrato”, explica.

Os autores do invento: os professores Rafael Rodolfo de Melo, da Ufersa; Felipe Bento de Albuquerque, do IFRN (ex-aluno Ufersa do doutorado Prodema; Edgley Alves de Oliveira Paula, doutorando Prodema e, o Professor Alexandre Santos Pimenta do EAJ/UFRN/Foto: Cedida

Em relação à construção dos fornos, Felipe destaca que o projeto foi pensado para ser viável economicamente. “O forno é de alvenaria, feito com materiais de baixo custo e de fácil acesso. O objetivo é que ele possa ser construído de forma simples, sem muita complexidade, o que facilita a adoção da tecnologia pelos agricultores da região”, finaliza o professor. Essa inovação promete revolucionar o processo de produção de carvão no semiárido, trazendo benefícios tanto para o meio ambiente quanto para a economia local, gerando novas fontes de renda para os produtores.

Esse trabalho é fruto da parceria entre as instituições Ufersa, EAJ/UFRN e IFRN, e contou com o financiamento do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) por intermédio do Instituto Sabiá. Para saber mais sobre projeto, as pessoas podem acessar a Cartilha de apresentação do forno, ou a Tese de Doutorado do Felipe Bento, nos links disponíveis a seguir:

https://prodema.ufersa.edu.br/livros-e-cartilhas/

https://prodema.ufersa.edu.br/teses/