Francisco Praxedes de Aquino ou simplesmente professor Praxedinho, como é mais conhecido por toda comunidade acadêmica. Como ele próprio costumar afirmar, a vida dele se mistura com a da instituição. “Estão imbricadas, a minha a história com a da Esam/Ufersa”. São 50 anos vivenciando o ambiente acadêmico. No começo, os primeiros quatro anos como estudante de agronomia e, depois como docente, em alguns momentos, ocupando funções administrativas, tendo, inclusive, exercido o cargo máximo da instituição em 2012, por ser o professor decano, ou seja, o mais antigo.
A trajetória de sucesso do professor Praxedinho na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), oficialmente foi concluída no último dia 12 de agosto, com a publicação no Diário Oficial da União a Portaria de Aposentadoria Voluntária. O reconhecimento pelas cinco décadas de dedicação ao magistério superior veio através de várias homenagens dos amigos do Centro de Ciências Exatas e Naturais (CCEN), a qual o professor Praxedinho integrou até o último dia na ativa como professor.
O ponto máximo ocorreu nesta quinta-feira, 12, num ato solene na Sala dos Conselhos, no Prédio da Reitoria, com entrega de Comenda pelos serviços prestados e muitas palavras de agradecimento ao professor Praxedinho. “São inúmeras as qualidades do professor Praxedinho”, afirmou a professora Andrea Moura, resumindo nas palavras: compromisso, dedicação e ética, além do diálogo, a maior característica do mestre. “Ao desafiar o novo, como professores nunca podemos se fechar a sermos aprendizes. Esse é um dos legados deixados pelo professor Praxedes”, colocou a professora Andrea para o homenageado. “Um professor que respira docência”, disse o docente Lázaro Luiz, atual diretor do CCEN, afirmando ser essa a maior característica do professor Praxedinho.
Na ocasião, o reitor da Ufersa, professor Rodrigo Codes, lembrou que tomou posso numa solenidade presidida pelo professor Praxedinho, na época, vice-reitor e, na ocasião substituía o reitor Josivan Barbosa. “O senhor também marcou a minha história nessa instituição e, pelos depoimentos aqui relatados, é merecedor de todas as homenagens”, considerou o reitor Rodrigo Codes.
O professor Nildo Dias, vice-reitor da Ufersa, optou falar como ex-aluno do professor Praxedinho. “Tive esse privilegio no segundo período de agronomia, ao cursar a disciplina de topografia, o que mais inspira no professor Praxedinho é a didática de excelência. No meu tempo de estudante, ele foi um dos melhores professores. Outra característica dele é a humildade intelectual”, destacou o vice-reitor.
Colegas desde a juventude, o professor José Espínola, também já aposentado, foi outro que destacou o desempenho do professor Praxedes em sala de aula. “Um símbolo de simplicidade e inteligência que faz parte da história da nossa instituição como um dos melhores professores. Praxedes se confunde com a história da Esam/Ufersa”, reconheceu.
Representando os servidores técnico-administrativos, Fernanda Freire, ressaltou a pessoa do professor Praxedes, como chefe e, principalmente, como amigo. “Sempre acolhedor e empenhado para que tudo desse certo. Esse é o maior legado que o professor deixa para o nosso centro. Obrigada pelas palavras gentis que tantas vezes salvaram o nosso dia”, afirmou à servidora.
Se depender dos colegas do Centro de Ciências Exatas e Naturais muito mais estar por vir. O professor Francisco Odolberto, anunciou que o CCEN irá requerer ao CONSUNE a concessão do Título de Doutor Honoris Causa ao professor Francisco Praxedes, pelas contribuições extraordinárias do docente para com a instituição.
Na simplicidade que li é peculiar, o professor Praxedes emocionado ponderou que “não merecia tanto, fico muito tocado como tantas palavras aqui ditas” e prometeu sempre voltar para visitar os colegas de trabalho. “Minha intenção era requerer a aposentadoria apenas no próximo ano, mas para não ter perdas salariais foi orientado a antecipar”, explicou. “Saio profundamente tocado por tudo que foi dito e dizer essas homenagens se estender também a todos vocês. O que eu fui e sou, devo a essa instituição que fazemos parte”, expressou agradecido o professor homenageado.
TRAJETÓRIA – Essa não é a primeira vez que o professor Francisco Praxedes é homenageado. Algumas vezes padrinho ou paraninfo geral dos formandos do Campus Mossoró e, em 2019, durante solenidade da Assembleia Universitária comemorativa pelos 52 anos da Esam/Ufersa, ele foi agraciado com a Medalha Jerônimo Vingt-um Rosado Maia, que é a maior comenda concedida pela Universidade.
Engenheiro agrônomo formado em 1973, pela Escola Superior de Agricultura de Mossoró (Esam), o professor Praxedinho tem especialização em Técnicas de Ensino e, em Engenharia de Recursos Hídricos. Atuou na Esam/Ufersa como professor de matemática e estatística, atuando ainda nas áreas de mecânica e recursos hídricos.
O professor conta que a primeira vez que ouviu falar na Esam era estudante de segundo graus no Colégio Estadual de Mossoró, numa tempo que ele nem sabia o que era agronomia, despertando o interesse de concluir os estudos para ingressar no ensino superior. Filho de um torneiro mecânico e uma dona de casa, numa família com 8 filhos, ele não tinha condições financeiras para cursar formação superior fora de Mossoró, em Natal ou Fortaleza, por exemplo. Diante dessa realidade, decidiu estudar para ingressar na faculdade de agronomia, na terceira turma da Esam. “Eu prestei vestibular em janeiro de 1970”.
Praxedinho conta que era um vestibular muito concorrido, com questões subjetivas para resoluções de problemas, diferente de hoje, que possui provas objetivas de marcar. “A Escola oferecia 25 vagas e tinha ponte de corte, uma pontuação mínima em cada prova, matemática, física, química, português, sendo todas eliminatórias. A exigência era tanta que no meu vestibular sobrou vagas”, recorda.
Ao concluir o curso em 1973, os estudantes que se destacaram foram substituir alguns professores efetivos, que tinham ido cursar pós-graduação em outros estados, tendo posteriormente, sido efetivados. “Éramos 11 estudantes monitores de disciplinas, eu era de topografia, substituindo o professor Max Ciarline, que ao concluir o mestrado, não retornou a Esam, levando a minha efetivação na Esam. A minha carteira foi assinada no dia 2 de fevereiro de 1974”, afirma o professor.
Para o professor Praxedes são inúmeros os fatos que marcaram as cinco décadas de dedicação à instituição. Uma das maiores foi a alegrias dos pais dele ao ver o filho formando pela Esam. Como docente, as colações de grau e o sucesso profissional de centenas de estudantes, hoje, profissionais conceituados, também são motivos de orgulho como docente da Universidade. “As vezes que fomos homenageados num reconhecimento dos alunos pelo nosso trabalho são momentos relevantes”, considerou.
Uma característica marcante do professor Praxedes é a postura de conciliador. “Sempre fui um professor com trâmite muito livre, seja no meio dos docentes, dos técnicos ou dos estudantes, uma pessoa do diálogo, da conversa e da brincadeira, respeitando a posição do outro, independentemente da posição política”, afirmou.
Quando se trata de Esam/Ufersa, o professor Praxedes acredita que o tempo não vai pagar. “Quando eu não estiver mais aqui, vai estar lá à placa com o meu nome escrito e nela Escola Superior de Agricultura de Mossoró. Eu não tenho como separar a pessoa de Francisco Praxedes com a figura da Esam/Ufersa, os dois estão imbricados, são siameses. Eu tenho essa instituição como parte integrante da minha formação e da minha atuação como profissional. E isso não tem como você desvincular”, define o professor para justificar o compromisso dele com a Universidade que o acolheu por cinco décadas.
Assista AQUI o comentário A Ufersa já foi Esam que conta com a participação do professor Francisco Praxedes.