Após analisarem dados presentes em plataformas de ciência cidadã, que somam mais de 830 mil observações de pássaros realizadas na região da Mata Atlântica brasileira, pesquisadores da Universidade Federal Rural do Semi-árido (Ufersa), da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e da Charles Darwin University, na Austrália, concluíram que o número de registros de espécies de pássaros ameaçadas ou quase ameaçadas foi sendo reduzido em anos recentes. “É o resultado de um estudo complexo, no qual foram analisadas características espaciais e temporais de 218 espécies de aves endêmicas da Mata Atlântica”, afirma o professor Lucas Rodriguez Forti, do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Ufersa e do Observatório Ambiental do Semiárido.
“Nosso principal resultado foi que, apesar do número de voluntários e observações ser crescente nas plataformas de ciência cidadã ano após ano, as espécies ameaçadas e quase ameaçadas estão recebendo proporcionalmente menos observações nos anos mais recentes”, detalha o pesquisador. “Isso possivelmente é um reflexo do declínio populacional dessas espécies, as quais estão pressionadas por inúmeras ameaças, como o desmatamento, fragmentação de habitats e mudanças climáticas globais”, avalia.
Além das mudanças climáticas e outras ameaças diretas às espécies, o pesquisador aponta a necessidade de um número maior de pessoas envolvidas na atividade de observação e registro dos pássaros. “Reconhecemos que locais de grande interesse para a conservação, como o corredor central da Mata Atlântica, que engloba o sul da Bahia e o estado do Espírito Santo, necessitam ampliar o engajamento de voluntários para reduzir as lacunas espaciais nos dados”.
A pesquisa foi publicada no dia 02 de julho na revista “Perspectives in Ecology and Conservation”, tendo o pesquisador Lucas Forti como primeiro autor e quatro estudantes da Ufersa como participantes do levantamento: Talita Oliveira e Arthur Queiros, do curso de graduação em Ecologia; Maria Alice Dantas F. Lopes, do curso de Medicina Veterinária; e Juan Lima, do curso de pós-graduação em Ecologia e Conservação. Todos fazem parte do Laboratório Virtual de Ciência Cidadã, coordenado por Lucas Forti e pela pesquisadora australiana Judit Szabo.
Acesse AQUI a íntegra da publicação.