Estudante de pedagogia aproveitou para avaliar como com de excelente qualidade o ensino oferecido pela Ufersa no Campus Angicos/Foto: Vitória Job
“Foi como estivesse renascendo de novo”. As palavras são do estudante de pedagogia da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Campus Angicos, ao retornar aos bancos da Universidade, após ter deixando de frequentar as aulas por não ter como chegar ao campus. João Paulo Costa da Silva, que é cego de nascença, se enquadra entre os estudantes que necessitam de apoio especial para permanecer e concluir o curso de graduação.
Graças à atuação da CAADIS, o estudante voltou a frequentar os bancos da Universidade. Ele conta que foi levado a trancar o curso por causa das barreiras enfrentadas para chegar e permanecer nas dependências da Ufersa. O estudante é casado e pai de um filho adolescente de 14 anos e músico, mora em Afonso Bezerra, município distante 23 km de Angicos.
João Paulo diz que agora vai concluir pedagogia/Foto: Vitória Job
João Paulo recorda com tristeza quando foi “obrigado” a trancar o curso de pedagogia. O motivo alegado foi à ausência de um familiar para acompanha-lo nas aulas e, o ônibus que transporta os estudantes de Afonso Bezerra para Angicos, não poderia pega-lo, nem deixa-lo em casa. A situação ficou mais complicada quando a bolsista ledor guia transcritor, disponibilizada pela Universidade, arranjou um emprego e entregou a bolsa.
Ao tomar conhecimento que o estudante não estava frequentando as aulas, a coordenadora da CAADIS, Fernanda Kallyne e, o próprio João Paulo, decidiram intervir para garantir a continuidade da graduação. A Prefeitura de Afonso Bezerra autorizou excepcionalmente o transporte até o domicílio do estudante e um novo bolsista ledor foi contratado para acompanhar João Paulo nas dependências do campus.
Eugênio Gurgel, estuda Engenharia Civil, sendo bolsista guia ledor transcritor de João Paulo/Foto: Vitória Job
Nesta quarta-feira, 29, ao encontrar a reitora, Ludimilla Oliveira, o estudante de pedagogia fez questão de agradecer o incentivo recebido para que ele possa se tornar um professor graduado. “Considero uma oportunidade impar conseguir entrar na universidade com a igualdade como qualquer outra pessoa que enxerga ou que fale. Aqui, como o próprio nome diz universidade é um universo onde deve acolher todas as pessoas e, eu na condição de pessoa cega me sinto acolhido pela Ufersa”, expressou João Paulo a professora Ludimilla Oliveira. O estudante de pedagogia também aproveitou para avaliar como “de alta qualidade o ensino oferecido pela Ufersa que conta com professores doutores que já é um peso muito forte”.
Quem estuda ou passa pelo Campus Angicos agora pode voltar a se deparar com a dupla João Paulo e Eugênio Gurgel. Eugênio é estudante de engenharia civil e ledor guia transcritor de João Paulo. “É uma experiência gratificante acompanhar o desenvolvimento dele aqui no campus, o ajudando a vencer as barreiras, mostrando a capacidade dele de concluir a graduação como qualquer outro aluno”, afirmou. Além de poder ajudar um colega, Eugênio disse que a bolsa também o ajuda a se manter na universidade já que ele é da cidade Janduís. “Estou sempre aprendendo, mas não tem sido difícil, pois já tive experiência com o meu avô que era cedo e sempre o guiei”, explicou Eugênio.