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Comunicação

Pesquisa mostra reação pública à desinformação ambiental em redes sociais

Meio Ambiente, Pesquisa 7 de dezembro de 2022. Visualizações: 1068. Última modificação: 07/12/2022 13:51:59

Registro de incêndio na região do Rio Negro, no Pantanal (foto: José Sabino)

Um grupo de cientistas liderados pelo professor Lucas Rodriguez Forti, da Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA), publicou um estudo mostrando a repercussão do uso de desinformação ambiental em redes sociais. Os cientistas reuniram postagens sobre opiniões críticas e de apoio à tese do “boi bombeiro” nas plataformas YouTube, Facebook e Google News. A tese do boi bombeiro sugere que a intensificação da pecuária no Pantanal poderia trazer benefícios para evitar incêndios, e foi utilizada por integrantes do Governo Federal numa tentativa de apoiar políticas favoráveis à expansão de fronteiras agrícolas.

A ideia ignora que o gado é responsável pela produção de gases de efeito estufa e que a ampliação da pecuária implica em desmatamento e maior emissão de gases que contribuem para o aquecimento global, cenários nos quais incêndios de grandes proporções seriam mais prováveis no Bioma. Lucas Forti, que atua no Departamento de Biociências da UFERSA, afirma que as questões ambientais no Brasil são muito debatidas em redes sociais e que as postagens são diretamente afetadas por ideologias políticas.

A tese de que áreas de pastos poderiam prevenir incêndios, como os observados na região do Pantanal em 2020, rendeu mais de 50 reportagens captadas pelo Google News, também mobilizando milhares de pessoas que expuseram suas opiniões nas redes sociais.

O texto do artigo, em inglês, foi publicado na edição mais recente da revista Environmental Management e pode ser conferido neste link.

“Entre os resultados interessantes notamos que, embora tenha havido uma rejeição grande sobre a ideia do boi bombeiro, as postagens a favor dessa tese foram mais compartilhadas e geraram mais interações nas comunidades dessas plataformas”, afirma Lucas Forti. “Isso corrobora o que é esperado para o uso de fake news em suporte a políticas anti-ambientais defendidas no atual governo”.

No artigo, os pesquisadores defendem que as instituições governamentais considerem as orientações oficiais fornecidas pela comunidade científica como suporte à tomada de decisões e ampliação do conhecimento. Um dos órgãos citados como referência internacional é o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). “Precisamos conter pseudociência e desinformação no discurso político, evitando equívocos que ameaçam os recursos naturais e confundem a sociedade global”, afirmam os autores.

Colaboração

Além do professor Lucas Rodriguez Forti, o artigo é assinado pelos estudantes de doutorado Magno Lima de Oliveira Travassos, Diana Coronel-Bejarano, Diego Fernandes Miranda e David Souza (Universidade Federal da Bahia); pelo professor José Sabino (Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos – BPBES); e pela pesquisadora Judit K. Szabo (Charles Darwin University, Austrália).