Início do cabeçalho do portal da UFERSA

Comunicação

Psicóloga da Ufersa tem tese premiada pela CAPES

Reconhecimento, Servidor 8 de setembro de 2021. Visualizações: 1332. Última modificação: 08/09/2021 14:53:35

A psicóloga da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Mayara Wenice A. de Medeiros, foi uma das 49 doutoras premiadas na 16ª Edição do Prêmio CAPES de Tese. Outros 92 autores foram indicados para menção honrosa. Mayara Medeiros defendeu a tese pelo Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia da UFRN, no ano passado (2020). A tese premiada traz o título “Vidas negras importam: estudos sobre o comportamento pró-social de crianças pardas e pretas brasileiras”.

“Fiquei muito feliz quando li o e-mail com a notícia da premiação. As teses desenvolvidas dentro da psicologia apresentam, de forma geral, um nível de exigência muito elevado. Então, saber que minha tese foi escolhida como a melhor da área para o Prêmio Capes 2021 é uma grande honra e conquista”, comemora a psicóloga da Ufersa.

Mayara recebeu a premiação como um reconhecimento de muito esforço e dedicação.  “Praticamente toda a tese foi realizada conciliando com o meu trabalho na Ufersa, contando com poucos recursos para a execução, mas como muita colaboração de amigos e familiares. Sabemos o quanto é difícil se dedicar à ciência no Brasil, de forma geral. Porém, trazer esse prêmio para uma universidade localizada no nordeste brasileiro aumenta ainda mais o nível de satisfação”, afirmou. Ela disse ainda que se sente feliz por ter tido toda a formação dela em instituições federais, iniciando pelo Ensino Médio no IFRN, seguido da Graduação, Mestrado e Doutorado na UFRN. “Hoje me sinto honrada em poder contribuir profissionalmente com a Ufersa, como psicóloga da instituição”, considerou.

Mayara Medeiros em coleta de dados da Tede premiada/Foto: Cedida

A PESQUISA – Segundo Mayara o tema principal é o desenvolvimento da pró-socialidade em crianças que pertencem a diferentes grupos sociais. A pesquisa investigou as questões relacionadas a identificação da criança como brancas, pardas ou pretas. “Investigamos questões raciais”, ratifica. O trabalho foi realizado com crianças das comunidades quilombolas de Lages e Sobrado, localizadas na cidade de Portoalegre/RN, e da comunidade quilombola de Capoeiras, localizada em Macaíba/RN.

“Investigamos se características inerentes à cultura desses grupos podem favorecer o desenvolvimento pró-social dessas crianças”, pontuou acrescentando que foi utilizado “jogos econômicos (medidas explícitas), que são medidas validadas, amplamente utilizadas nas áreas da psicologia, economia, antropologia, entre outras”. Além disso, foi utilizado um método denominado priming para avaliar a influência de pistas sutis do ambiente sobre as decisões de divisão de recursos entre crianças. Por fim, construído e validado um instrumento denominado Teste de Associação Implícita para Avaliação da Pró-socialidade em Crianças. Esse tipo de teste já vem sendo utilizado amplamente nas pesquisas sobre comportamento humano em outros países, e estão ganhando espaço no cenário nacional.

Segundo a psicóloga Mayara Medeiros o principal objetivo do teste é avaliar a cognição implícita por trás das decisões sociais, sendo projetado para evitar vieses de pesquisa, como a influência do pesquisador e a desejabilidade social de respostas. “O objetivo foi poder disponibilizar esse teste, que funciona no sistema Android, para outros pesquisadores e profissionais da área que trabalham com crianças”, pontuou.

Sobre os resultados da pesquisa Mayara destaca que pistas ambientais, medidas através de vídeos infantis que demonstravam ajuda e partilha entre os pares, implicam no aumento da pró-socialidade de crianças. “Esse resultado foi encontrado independente de utilizarmos crianças brancas ou pretas como protagonistas dos vídeos, o que demonstra que a influência do comportamento se sobressai aos aspectos relacionados à cor da pele”, afirmou.

A psicóloga diz que encontrou em crianças pertencentes a comunidades quilombolas que demonstram um percentual de partilha significativamente menor que as crianças de zonas urbanas, quando esse comportamento foi mensurado através das medidas explícitas. Contudo, elas apresentam uma preferência implícita pró-social mais elevada que as crianças das zonas urbanas. “Acreditamos que esses resultados podem ser explicados por fatores ecológicos, como o acesso ao recurso, e fatores culturais e a aprendizagem social do grupo de pertencimento, considerando que comunidades quilombolas são, de forma geral, mais coletivista”, concluiu.