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Comunicação

Assistência Estudantil é parte fundamental da Universidade Pública

Assistência Estudantil 23 de julho de 2019. Visualizações: 1512. Última modificação: 23/07/2019 15:00:33

Leandro, Helena, Pedro foram beneficiados pelo Programa Permanência para estudantes da Ufersa. | Foto: Yuri Rodrigues/Assecom/Ufersa

Morar, estudar e comer bem. Esse é um desafio comum a boa parte dos jovens universitários de baixa renda que decidem através de muito esforço correr atrás do sonho de cursar uma universidade pública. Para que esses estudantes consigam de fato alcançar seu objetivo, não basta garantir o acesso, é necessário assegurar que eles consigam se manter na universidade.

Não se pode esquecer que mais da metade dos alunos das universidades federais vem de famílias que ganham menos que um salário mínimo per capita por mês, segundo pesquisa da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições). Então a probabilidade de que um estudante universitário de baixa renda consiga concluir a graduação diminui.

Helena Maria de Morais Neta tem 26 anos, veio da zona rural de Felipe Guerra e é egressa do curso de Agronomia da Universidade Federal Rural do Semi-Árido – Ufersa. Ela é um dos milhares de estudantes que saem de casa e encontram no Ensino Superior uma perspectiva melhor para si e para sua família. “É com muito orgulho e muito amor que eu, filha de agricultores, hoje falo que sou a segunda da minha família que conseguiu ingressar no ensino superior”.

Para muitos desses estudantes, estudo é, quando muito, a única herança que suas famílias têm condições de deixar para eles, à custa de muito esforço, trabalho e sofrimento.

Helena Maria, 26 anos, é egressa de Agronomia e retorna à Ufersa para Pós em Manejo em Solo e Água. | Foto: Yuri Rodrigues/Assecom/Ufersa

Helena saiu de casa cedo e foi morar com a irmã na zona urbana de Felipe Guerra. Ao concluir o ensino médio se mudou para Mossoró a fim de trabalhar e fazer cursinho, já almejando o Ensino Superior. Trabalhou alguns meses até conseguir uma vaga em uma instituição federal, num curso técnico, e teve que abandonar o emprego e se mudar mais uma vez de cidade.

Ela conseguiu uma vaga na Ufersa antes mesmo de finalizar seu curso técnico. A princípio, ingressou na Ufersa para cursar Zootecnia. Com dois meses na graduação, foi selecionada num estágio no Pará por meio do curso técnico. Após um semestre, quando retornou, a experiência do estágio lhe tinha mudado a cabeça e, assim, ela resolveu cursar Agronomia, também na Ufersa.

Alcançar a universidade é apenas o primeiro desafio. Quando o assunto é locomoção, a maioria dos estudantes que advêm de cidades interioranas passa horas na estrada, considerando os que conseguem pagar algum transporte.

Durante todo o tempo em que esteve na universidade, Helena morou na Vila Acadêmica. Para ela, essa era uma saída para não ter que acordar muito cedo e passar horas na estrada ao ter que se deslocar diariamente de outra cidade. Ela conta que ficou sabendo da oportunidade da moradia estudantil através de uma amiga, e quando saiu o edital logo conseguiu uma vaga.

No tempo em que morou na universidade, Helena chegou a conviver com até 10 meninas, e diz que com a rotina árdua de estudos, nunca chegava a ter fila para o chuveiro: “Não tínhamos tempo de nos encontrar muito, pois havia meninas que estudavam em horários diferentes, e dificilmente estavam todas na casa”.

Com o tempo, Helena conseguiu também a bolsa de Permanência Acadêmica, onde pôde ter contato com atividades de ensino, pesquisa, extensão e cultura, sob a orientação de um professor. Depois disso, ela também conseguiu uma bolsa do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC).

“Eu acredito que todas as oportunidades que tive e que estou tendo é reflexo da Vila. Para vir até a universidade [de outra cidade], eu saía às 5h da manhã e ainda chegava atrasada na aula(…). Aqui, tive contato com a iniciação científica, pois morando em outra cidade fica mais difícil. Aqui você tem a oportunidade de ir para aula de manhã e, à tarde, ir para o laboratório. Talvez se tivesse ficado na casa de parentes ou permanecido vindo diariamente da minha cidade eu não tivesse conseguido fazer o que fiz na graduação, que foi o essencial para eu conseguir entrar na pós”.

Helena formou-se em 2018 e foi logo selecionada para a pós-graduação da Ufersa, mais uma vez antes mesmo de concluir todas as atividades da graduação. Apesar de ter sido aprovada também em outras duas seleções de pós-graduação, Helena escolheu a Ufersa e hoje é aluna do Programa de Pós-Graduação em Manejo de Solo e Água.

Natural de Felipe Guerra, Pedro Igor tem 20 anos e é estudante de C&T. |Foto: Yuri Rodrigues/Assecom/Ufersa

Assim como Helena, muitos desses jovens são direcionados às universidades para estudar, para se preparar, se capacitar e dar um retorno para a comunidade. Sendo assim, não basta coloca-los dentro das salas de aula, é preciso ainda assegurar a sua permanência e garantir a inclusão dos menos favorecidos financeiramente no ensino superior.

Assistência estudantil é um direito de todos os estudantes e o acesso e permanência nas Instituições Federais de Ensino Superior é um horizonte a ser constantemente buscado.

Pedro Igor tem 20 anos e também é de Felipe Guerra. Em 2015, ele concluiu o ensino médio e no semestre 2016.1 ingressou na Ufersa no curso de Ciência e Tecnologia de Mossoró. Desde o início, ele buscou algum auxílio que cooperasse para a sua permanência na universidade. Por ser um curso integral, ele não tinha como se deslocar diariamente de outra cidade. Assim, Pedro conseguiu uma vaga na vila acadêmica desde o início do curso.

Além das dificuldades de locomoção e moradia, conseguir se alimentar  bem estando fora de casa, na realidade desses estudantes, que na maioria das vezes não possuem nenhum vínculo empregatício, também é um desafio.  Pedro mora na vila acadêmica há três anos e além desse auxílio, utiliza também o subsídio do restaurante universitário, que tem como objetivo destinar uma ajuda financeira a discentes que se encontram sem condições de arcar com as despesas de alimentação.

Nos fins de semana, como o restaurante universitário não abre, alguns estudantes se reúnem para fazer almoço, enquanto outros, oriundos de cidades próximas, vão visitar os familiares. Mas aqueles que vêm de cidades mais distantes chegam a passar meses sem ir em casa.

Além de ter acesso em tempo integral à biblioteca e laboratórios, morar na universidade possibilitou para que Pedro tivesse contato com outras realidades ao dividir a casa com outros estudantes, fazendo com que a experiência contribuísse para sua vida pessoal: “A gente aprende com a vivência dos colegas, aprende a se colocar no lugar do outro. Aprendemos com os problemas dos outros”.

Cuidar da saúde física e mental também é um ônus que esses estudantes têm que arcar. Na Vila, eles enfrentam ainda contratempos do cotidiano, relativos à organização, limpeza e dinâmica entre os moradores.

Na casa de Pedro, os moradores estipulam suas próprias regras, como forma de aperfeiçoarem o funcionamento da casa. Para cada louça suja, por exemplo, são aplicadas pequenas multas para cada item deixado na pia por mais de 24 horas, e para os itens únicos, aqueles que só têm uma unidade na casa, o valor da multa é maior.

Na Vila Acadêmica existe uma política eleitoral para eleger um representante dos estudantes, que será o Prefeito da Vila. O representante leva sugestões à Pró-reitoria e media possíveis problemas com os estudantes. Esse cargo é deferido através de edital lançado para reger todo o processo eleitoral: registro de chapa, homologação e período de eleição. A Vila Feminina tem uma prefeita e a Vila Masculina um prefeito.

Leandro, 29 anos, é egresso de Zootecnia. | Foto: Yuri Rodrigues/Assecom/Ufersa

Leandro tem 29 anos, é egresso do curso de Zootecnia e veio de Tabuleiro do Norte, no Ceará. Filho de pais agricultores, ele foi o primeiro a ingressar no nível superior. Entrou na Ufersa em 2014 e desde o primeiro dia de aula virou morador da Vila. Com pouco tempo, ele foi eleito representante da casa 5, onde residiu durante todo o período do curso.

Antes de concorrer a vaga, Leandro já havia sondado sobre a existência de assistência estudantil que viabilizasse sua permanência em uma cidade nova. No mesmo edital que conseguiu a moradia, ele conseguiu também a Bolsa de Permanência Acadêmica. Assim como Helena, Leandro também se formou no semestre 2018.2 e já ingressou no mestrado.

A moradia na Vila foi fundamental para a conclusão do curso dos pós-graduandos Helena e Leandro e está sendo primordial para a formação de Pedro. Sem a política de assistência estudantil focada em assegurar a permanência, eles sequer teriam almejado o tão sonhado diploma.

Anualmente, a Ufersa investe R$ 6,6 milhões com a assistência estudantil. A seleção dos atendidos pela Política Institucional de Assistência Estudantil é feita semestralmente mediante editais, tendo como critério a situação financeira dos candidatos a bolsas, auxílios, alimentação ou moradia. Todo o processo é conduzido pelas assistentes sociais e psicólogas da Pró-Reitoria de Assistência Estudantil – Proae.

Ainda dentro da assistência estudantil, a Ufersa conta também com o serviço de profissionais especializados como assistentes sociais, psicólogos e educadores físicos em todos os campi.

Conheça o Programa de Assistência Estudantil da Ufersa.