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Comunicação

Alice Casimiro abre ENACEI falando de currículo, defendendo a escola e a universidade pública

Pesquisa 9 de maio de 2019. Visualizações: 1734. Última modificação: 09/05/2019 15:49:45

Trabalhadores e estudantes da área da educação prestigiaram palestra da professora, Alice Casimiro, na abertura do ENACEI/Foto: Wilson Moreno/Assecom UERN

Com o Auditório Amâncio Ramalho lotado, no Campus Sede, em Mossoró, a professora Alice Casimiro Lopes, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), abriu nesta quarta-feira, 08, o III Encontro Nacional Ensino e Interdisciplinaridade – ENACEI. A palestrante abordou o tema do ENACEI ‘Base Curricular, saberes, culturas e ciências: construção do currículo interdisciplinar na escola’. A professora é doutora em educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro

O Encontro tem como propósito constituir um espaço de discussões e debates para pesquisadores, estudantes da graduação e da pós-graduação, professores universitários e da educação básica que atuam, pesquisam, refletem e problematizam a atuação docente na escola. O ENACEI é promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino – POSENSINO (UFERSA, UERN E IFRN), prossegue até essa sexta-feira, 10, nas dependências da UERN e UFERSA.

Alice Cassimiro, abre ENACEI/Foto: Wilson Moreno/Assecom UERN

De forma abrangente, a professora convidada, Alice Casimiro, abordou as várias vertentes do currículo que, segundo ela, “é central e extremamente importante para as escolas”. A professora discorda do senso comum que prevalece há mais de duas décadas ao colocar o currículo como um problema. A professora entende que os problemas verificados nas escolas são, em sua maioria, sociais. “É preciso que se entenda a relação do currículo com os problemas sociais”, argumentou.

Ainda segundo a professora, há também uma visão distorcida de que os currículos não atendem às necessidades dos estudantes. Isso, segundo ela, acontece junto a quem não conhece a escola. “São pessoas que há muito tempo não a frequentam […], não leram os teóricos que trabalham com o tema e, a maioria dessas pessoas que critica negativamente, foi formada nessa escola com esse currículo”.

No entendimento de Alice Casimiro o “currículo consegue atender atividades de grande valia para os estudantes e de grande importância para a sociedade, o que não significa dizer que tudo que acontece na escola é bom, significa entender que as escolas são diferentes, heterogênicas e que é preciso levar em conta a teoria curricular para saber como esse currículo se desenvolve”, pontuou.

Sendo uma ferramenta adaptável, o currículo não deve ser entendido como um texto pronto a ser apresentado para as escolas para ser implantado. “O currículo é justamente aquilo o que se faz nas escolas […] elas produzem currículos nas condições que são dadas para que possam ser produzidos” considerou.

Professor Jean Mac Cole, coordenador do POSENSINO/Foto: Wilson Moreno/Assecom UERN

CENÁRIO DA EDUCAÇÃO – Para a professora, Alice Casimiro, o cenário educacional brasileiro pode ser visto por dois ângulos. O primeiro sob o olhar de que as instituições de ensino são hoje bem melhor do que as pessoas dizem que é e, de forma mais crítica, com base no que o governo federal vem projetando, afirmando sobre as escolas, a situação vai mal.

“Há uma evidência de enfatizar a escola naquilo que ela não é. Uma concepção que vem de pessoas que não conhecem a escola e insiste em rotulá-la como um espaço de ameaça à família brasileira, o que não é verdade”, afirmou.  Para a professora, se a sociedade não parar para ouvir e entender o que acontece nas escolas fica difícil vislumbrar melhorias na educação brasileira.

UNIVERSIDADES – Para a professora, as universidades vivenciam outra situação. Isso, pelas inúmeras particularidades que possui. O problema na visão da professora é que sem uma universidade de qualidade, o país não terá bons profissionais, que segundo ela, esse não é o maior dos problemas. “O pior e mais grave é não termos o pensamento livre para se discutir, debater e poder produzir políticas melhores para o futuro”.

A professora considerou extremamente grave os fatos vivenciados pelas universidades na atual conjuntura. E citou como exemplo a mensagem presidencial enviada ao Congresso Nacional. “É uma afirmação de se desobrigar da universidade com um suposto interesse pela valorização da educação básica, mas que, na prática, o que vimos foi cortes de verbas nas IFES, incluindo também os Institutos Federais”, pontuou.

Para Alice, há um desordenamento da política, o que causa muita preocupação junto às pessoas comprometidas com a educação. “O que me parece é existir um projeto de desmonte, daí o desejo de trabalhar politicamente para apresentar outras possibilidades e lutar em defesa da escola e da universidade pública de qualidade”, concluiu.