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Comunicação

A vez do Bambu: evento discute a viabilidade da cultura no semiárido

Pesquisa 13 de novembro de 2018. Visualizações: 2329. Última modificação: 13/11/2018 15:22:03

Especie de bambu que vem sendo analisada na Ufersa / Foto Assecom

Do alimento ao papel resistente que embala o cimento. Muita gente não sabe, mas aquele papel grosso que armazena o cimento usado na construção civil é feito a partir do bambu. Com mais de 1.600 espécies catalogadas pelos cientistas, sendo 250 só no Brasil, o bambu é uma planta completa e com muito potencial econômico, mas ainda pouco valorizada no Brasil.

Estudioso do vegetal há mais de 13 anos, o químico Hans-Jurgen Kleine é Vice-Presidente da Associação Catarinense do Bambu. Ele está em Mossoró para participar da programação do I Simpósio Potiguar de Engenharia Florestal e da III Semana Acadêmica de Engenharia Florestal, eventos promovidos pelo Centro Acadêmico de Engenharia Florestal em parceria com a Coordenação do curso da Ufersa. (Confira a programação)

Pesquisador Hans-Jurgen Kleine, Vice-Presidente da Associação Catarinense do Bambu / Foto: Reprodução Internet

Hans-Jurgen, que é natural da Alemanha, falou sobre o cultivo e o manejo do bambu e a perspectiva da cultura nos cenários nacional e internacional. O pesquisador abordou a viabilidade do bambu indicando que tem uma espécie mais resistente ao frio e a seca e que tem potencial de ser plantada no Semiárido. “Essa espécie é originária da Índia e não era cultivada no Brasil. Há anos ela é cultivada em Goiás e é uma planta extraordinária que resiste a geadas como resiste também a ambientes muito secos. A espécie é um bambu maciço, uma planta que nos dá a esperança de cultivá-la por aqui”, falou otimista o estudioso alemão.

Entre as aplicações, o bambu é um ótimo substituto da madeira, mas que não serve apenas para fins estéticos e decorativos. É possível erguer paredes, construir coberturas, entre outras coisas, de forma mais rápida e econômica. Segundo o pesquisador Hans, outra vantagem mais nobre do bambu é o seu valor nutricional. Como alimento, o vegetal é muito semelhante, em termos nutricionais, ao palmito com a vantagem que o Bambu produz novos brotos a cada ano enquanto que uma palmeira, por exemplo, o produtor precisa plantar, cortar e depois repetir o plantio.

Estudante de Engenharia Florestal, Cleiton Souza / Foto Assecom Ufersa

Além de fonte de alimento, o bambu pode ser usado para como carvão e, diga-se de passagem, um carvão de excelente qualidade. Hoje o maior uso do bambu no Brasil é para fazer o papel do saco que embala o cimento.

Quanto ao potencial econômico, o pesquisador Hans fala que é um mercado promissor, mas que ainda precisa ser valorizado e mais reconhecido pelos empresários brasileiros. Segundo ele, ainda existe preconceito com o bambu. “Quando os portugueses chegaram ao Brasil, eles não conheciam o bambu porque a Europa é o único continente que não há o bambu nativo. Então eles associaram o bambu a coisas de índio. Existe um preconceito desde essa época classificando o bambu como uma coisa inferior. Historicamente, nós temos um envolvimento grande com o bambu, mas um desconhecimento também muito grande”, explicou Hans.

Mesmo com todas as adversidades, o bambu já vem sendo pesquisado nas Universidades brasileiras. Na Ufersa, o estudante de Engenharia Florestal, Cleiton Souza, do 8º período, já vem experimentando uma variedade da planta no semiárido. O aluno vem comprovando que, ao contrário do que muitos imaginam, o bambu não é uma praga.

“As pesquisas confirmam que o bambu é difícil de propagar por sementes. Então se conseguíssemos faze-lo propagar com maior velocidade poderíamos introduzi-lo na produção comercial. Eu pretendo continuar com os experimentos até descobrir uma forma de propagar o bambu em larga escala. Temos um projeto de mestrado já pensando nisso”, defendeu o estudante que é natural do Rio de Janeiro.

O pesquisador Hans-Jurgen complementa dizendo que o mercado do bambu está aberto e com muito potencial. “O Brasil tem terras agricultáveis disponíveis, mais de 200 milhões de hectares que poderiam ser usados e que estão sendo desperdiçados. O país pode se tornar um enorme produtor de Bambu, caso queira. As universidades estão pesquisando o bambu, agora os empresários só precisam se atentar a isso”, finalizou.