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Comunicação

Pesquisa aponta viabilidade do reúso na produção de capim Tanzânia no Semiárido

Pesquisa 19 de maio de 2016. Visualizações: 14307. Última modificação: 19/05/2016 15:49:57
A água é um elemento importante para o desenvolvimento social do Semiárido/ Foto Assecom Ufersa

A água é um elemento importante para o desenvolvimento social do Semiárido/ Foto Assecom Ufersa

No Semiárido brasileiro vivem quase 24 milhões de habitantes. A água, neste contexto, surge como um elemento essencial ao desenvolvimento social, econômico e ambiental. Conviver com sua escassez é um dos principais desafios da região.

Nessa perspectiva, o reúso doméstico para finalidades agrícolas vem sendo alvo de pesquisas, uma das vertentes é o estudo da água cinza proveniente de chuveiros, lavatórios, pias, tanques e máquinas de lavar roupas. Em sua composição encontram-se elementos químicos ricos em nutrientes como cálcio, sódio e potássio, presentes nos sabões e nos produtos de limpeza em geral.

Em agosto de 2015 foi iniciada a pesquisa de Pós-Doutorado Júnior “Desenvolvimento de estação de tratamento e produção de capim Tanzânia com água cinza” da pesquisadora Mychelle Karla Teixeira de Oliveira. O estudo faz parte do Programa de Pós-Graduação em Manejo de Solo e Água da Universidade Federal do Semiárido (Ufersa), em Mossoró (RN). Além disso, está ligado ao projeto Bramar cooperação binacional Brasil-Alemanha da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e Universidade de Aachen na Alemanha.

A pesquisa foi implantada no assentamento Monte Alegre, em Upanema (RN), com objetivo de analisar o aproveitamento de água cinza para produção de capim Tanzânia (Panicum maximum) em ambientes rurais do Semiárido potiguar. Dez famílias foram contempladas com o projeto ‘Água Viva’, e receberam unidades de reúso de água cinza, que podem beneficiar aproximadamente 70 famílias com a água residuária para plantação e alimentação dos rebanhos .

As características analisadas no estudo são: altura, diâmetro, número de perfilho (ramificações) e de folhas, área foliar, teor de clorofila, produção de massa verde e massa seca. Os ensaios experimentais utilizam 36 vasos com capacidade para 40 L contendo cada um quatro plantas, que receberam três cortes nesta fase.

Os resultados obtidos são preliminares referentes às variáveis altura e produção de massa seca. As amostras que receberam 100% de água cinza tratada obtiveram uma produção de massa seca cerca de 36% superior quando comparadas a amostras que receberam apenas água de abastecimento. No que diz respeito ao crescimento, as plantas que alcançaram maior altura também foram os irrigados com água residuária em diversas proporções (com média de 112,43cm), inclusive, superando o resultado das plantas que receberam adubo orgânico, oriundo de esterco bovino (com média de 108,93cm).

De acordo com a pesquisadora, a crise hídrica é uma realidade no semiárido brasileiro, por isso fica clara a necessidade em incentivar cada vez mais o reúso de água como uma alternativa viável a região. Tendo em vista o conhecimento das águas residuárias como fontes de nutrientes para as plantas, com isso diminuindo os custos com fertilizantes. O papel social desta pesquisa abrange além dos benefícios para uma sociedade mais produtiva e justa, como também cumpre uma nítida função ecológica e sustentável.

Projeto Bramar

Com atuação em áreas experimentais do Nordeste brasileiro, o projeto Bramar, cooperação entre Brasil e Alemanha, realiza estudos em rede com grupos de pesquisadores de instituições parceiras na área de recursos hídricos. Tendo como parceiros institutos de pesquisa, indústrias, agências reguladoras, comitês de bacias hidrográficas e organizações sociais.

Com o objetivo de buscar alternativas com embasamento científico do uso agrícola das águas residuárias industriais de Mossoró (RN), um dos grupos da pesquisa que se dedica à análise do potencial das águas residuárias, avalia os efeitos da aplicação destes efluentes na produção de cultivos agrícolas, forrageiras e cultivos florestais.

*Com informações do Instituto Nacional do Semiárido e Projeto Bramar