
Concluintes da primeira turma de especialização UNIAFRO da Ufersa / Foto: Eduardo Mendonça / Assecom
O Rio Grande do Norte conta com os primeiros especialistas em igualdade racial. A maioria professores com atuação na rede pública de ensino que concluiu o curso UNIAFRO: Política de Promoção da Igualdade Racial na Escola, promovido pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido, em parceria com o Comitê Institucional de Formação Continuada de Profissionais do Magistério da Educação Básica e a Coordenação Geral de Ação Afirmativa, Diversidade e Inclusão Social – Caadis/Ufersa e, a Secretaria de Educação Continuada, Diversidade e Inclusão Social – Secadi.

Reitor José de Arimatea de Matos destacando a importância da especialização para a Ufersa / Foto Eduardo Mendonça – Assecom
O encerramento da especialização, que aconteceu na modalidade à distância, mais que a exemplo da abertura, teve o encerramento de forma presencial, no último sábado, 23, no Campus Leste da Ufersa Mossoró, com os participantes apresentando os trabalhos de conclusão de curso – TCC’s. Ao todo, 43 concluintes foram recebidos pela equipe da especialização e pelo reitor da Ufersa, professor José de Arimatea de Matos. “Quero que vocês saibam que vocês estão concluindo uma especialização na melhor Universidade do interior do Norte/Nordeste e a 6ª no ranking das duas regiões”, afirmou o professor José de Arimatea se referindo à avaliação do Ministério da Educação, divulgada no final do ano passado.
Ao parabenizar os concluintes da UNIAFRO, o reitor citou ainda a preocupação da instituição em colocar em prática as ações inclusivas, citando, a criação da Caadis, em 2012, que vem desenvolvendo importantes ações dentro e fora da Universidade. Outro ponto apresentado pelo reitor foi o percentual de cotas de 50% das vagas voltadas para estudantes negros, pardos e indígenas ou provenientes de escolas públicas na Ufersa. O reitor considerou a especialização UNIAFRO mais um marco da Ufersa em se tratando de experiência inclusiva na educação que irá beneficiar futuros estudantes da instituição.
A especialização UNIAFRO é mais uma ação de acordo com a Lei 10.639/2003, para a capacitação de profissionais no ensino da história e da cultura africana e afro-brasileira, incorporando no ambiente escolar os princípios de promoção da igualdade racial. “É mais um desafio como política pública educacional voltada para a valorização das identidades negras que durante tanto tempo foi negada”, afirmou a professora da Ufersa, Ady Canário, Coordenadora da Caadis. Ady também agradeceu as entidades parceiras da Coordenação não apenas com a especialização, bem como em outras atividades desenvolvidas pela Caadis. “Vivenciamos um constante processo de luta pela inclusão para que a inclusão aconteça de fato”, frisou.

Professora e psicóloga Socorro Pimentel, ativista dos movimentos afro e LGBT. Uma das convidadas para o encerramento da especialização / Foto Eduardo Mendonça – Assecom
O professor da Ufersa, Luiz Gomes, coordenador da especialização UNIAFRO, lembrou que as práticas pedagógicas e as rotinas na escola devem estar voltadas para relações sociais igualitárias e que o curso possa vir a contribuir para a plena efetivação da Lei 10.639. “O encerramento do curso representa também o começo de uma nova jornada com a prática em sala de aula”, lembrou. A especialização UNIAFRO proporcionou aos participantes um considerável avanço nas discussões acerca das relações sociais, principalmente, no combate a discriminação ainda vivenciada pela população negra afrodescendente. “Um aprendizado de uma temática ainda incipiente”, considerou o professor Luiz Gomes.
Ao parabenizar a iniciativa da Caadis/Ufersa, a professora e militante negra, Socorro Pimentel, da Universidade Federal da Paraíba, ressaltou a importância do enfrentamento a desigualdades sociais, principalmente, quando relacionadas à cor da pele. A professora considerou a importância da promoção positiva do negro e da cultura afro-brasileira, dando enfoque à temática das relações étnico-raciais para o combate ao preconceito, à discriminação e a violência.
No que depender dos novos especialistas da UNIAFRO, a prática em sala de aula já é vista com um “novo olhar”. O olhar da diversidade, da superação do preconceito e do combate a discriminação étnico-racial. É o caso da professora do ensino fundamental, Onaria Belo de Sousa, de Lucrécia. “A especialização veio possibilitar uma melhor atuação junto aos meus alunos, principalmente, na valorização da identidade negra. Um crescimento profissional e pessoal também”, afirmou.

Concluintes da especialização UNIAFRO na defesa dos Trabalhos de Conclusão de Curso / Foto Eduardo Mendonça – Assecom
Apesar da Lei 10.639 ter sido promulgada há 13 anos, são poucos os professores que tem o conhecimento e a coloca na sua prática em sala de aula. Para o professor Manuel Erivan, de Olho D’ Água dos Borges, a especialização veio preencher essa lacuna. “Despertei para a temática que é de grande importância para o combate de práticas discriminatórias vivenciadas no ambiente escolar. Acredito que saio preparado para trabalhar a questão das relações étnico-raciais fazendo valer os princípios da Lei 10.639”, considerou.
“Uma especialização de grande importância que possibilitou uma ressignificação da atuação do professor no que diz respeito a história e a cultura da África e da população afrodescendente”, afirmou a professora do município de Brejinho, Edna Cristina de Oliveira, ao comentar sobre o curso UNIAFRO. Após a apresentação dos trabalhos de conclusão do curso, em três eixos de conhecimento: A Lei 10.639/2003 e a Política de Promoção da Igualdade racial, História, Identidade e Religiosidade e, Racismo, Formação e Currículo Escolar, os concluintes fizeram uma avaliação positiva da especialização.
Os cursistas foram recepcionados com a apresentação de dança feita por alunos da Escola Municipal Nelson Borges, da Comunidade Quilombola de Picada, do município de Ipanguaçu e, o encerramento, com uma roda de samba. Confira na galeria de fotos.