
Comitivas da Ufersa (Brasil), Senegal, Mauritânia, Marrocos e Espanha durante visita as Ilhas Canárias / Foto cedida
Uma comitiva formada por 3 professores do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Ufersa acaba de desembarcar de uma missão de estudos e conhecimentos do outro lado do Oceano Atlântico. Durante 6 dias, os docentes Jean Berg Silva, Valéria Veras e Débora Façanha Evangelista e as alunas de doutorado Jacinara Hody, Rociene Abrantes e Wilma Emanuela Silva participaram de um seminário internacional sobre as experiências de criação caprina e ovina nas regiões áridas do Noroeste da África e do Brasil. O encontro aconteceu nas Ilhas Canárias – um arquipélago espanhol localizado a Noroeste do Marrocos – e foi uma promoção do Instituto Canário de Investigações Agrárias (ICIA) e também dos órgãos governamentais do arquipélago. O Seminário contou com pesquisadores do Senegal, Mauritânia, Marrocos, Espanha e dos professores da Ufersa, representando o Brasil. Todos fazem parte do Projeto Ganáfrica que tem o objetivo de fornecer ferramentas – sobretudo genética – e assessoria técnica para o desenvolvimento sustentável da produção de leite e carne de caprinos e ovinos nas regiões áridas e

Queijo Majorero em destaque nas Ilhas Canárias. Primeiro queijo de cabra espanhol a obter o selo de Denominação de Origem Protegida / Foto cedida
desertas desses países.
A participação da Ufersa no seminário se deu por meio de um painel apresentado pelos professores Luis Alberto Bermejo (professor da Universidade de La Laguna que mantém pesquisas na Ufersa) e Débora Andréa Façanha, Coordenadora Técnica do Projeto CAPES – PVE. Além do seminário, foram realizadas visitas técnicas em fazendas que criam cabras da raça Majorera, a fim de que a equipe brasileira e as dos demais países envolvidos pudessem conhecer os sistemas de produção de leite e as unidades de fabricação do Queijo Majorero, o primeiro queijo de cabra espanhol a obter o selo de Denominação de Origem Protegida. A zona de produção do queijo é a Ilha Canária de Fuerteventura, pertencente a Espanha e geograficamente muito próxima ao deserto do Saara. Daí a origem do ambiente árido, onde as cabras da raça Majorera são criadas em sistema semiextensivo, porém perfeitamente adaptadas às condições de ambiente local.
“Esta visita fez parte de uma série de ações que foram iniciadas há 2 anos, com a implantação de atividades de pesquisa no semiárido brasileiro, sob a orientação do professor Luis Bermejo, que tem grande experiência em produção animal em zonas áridas. Com a visita, pudemos constatar que é possível sim adaptarmos muitas das tecnologias utilizadas pelos produtores espanhóis para as nossas condições, a fim de melhorarmos os índices produtivos e a qualidade dos nossos produtos. É possível, inclusive, iniciarmos um trabalho visando à obtenção de selos de qualidade, equivalentes ao DOP (Denominação de Origem Protegida) da União Européia”, relatou animada a professora Débora.

Professores Luis Bermejo e Débora Façanha apresentando a Ufersa no projeto Ganafrica nas Ilhas Canárias / Foto cedida
Para a comitiva da Ufersa, a modernização da caprinocultura, ao contrário do que muitos imaginam, não é sinônimo de exclusão dos agricultores familiares que pouco têm para investir na atividade, mas sim de inclusão desses criadores em cadeias produtivas organizadas e competitivas, capazes de gerar produtos de qualidade comprovada e mercado promissor.
“A participação no seminário em Fuerteventura foi fundamental pois além de mostrar os resultados das pesquisas realizadas entre a Ufersa e a Universidade de La Laguna no Brasil, nos aproximou de outras pesquisas realizadas em países com bioma semelhante ao nosso. Esta experiência pode nos aproximar de outros centros de pesquisas como INRA (Institut National de la Recherche Agronomique) através da pessoa do chefe do centro Dr. Mouad Chentouf e também do diretor científico do ISRA (Intitut Senegalais de Recherches Agricoles), Dr. El Hadji Traore, os quais se interessaram em fazer parcerias com a Ufersa. O contato direto com pesquisadores é fundamental na construção destas parcerias tão importantes para a internacionalização do programa”, relatou a coordenadora da pós em ciência animal, Valéria Veras.
VISITA A BARCELONA
Dentro da missão internacional, a equipe da Ufersa ainda visitou a Universidade Autônoma de Barcelona (UAB), que atualmente ocupa o 1º lugar no Ranking de universidades da Espanha e encontra-se entre as universidades espanholas líderes nos rankings mundiais. Os professores da Ufersa visitaram as Granjas Experimentais – como são chamados os setores produtivos, sobretudo de caprinos e ovinos – unidades de ordenha, câmaras climáticas experimentais, além do Laboratório de Análise de Alimentos para Animais e da Planta de Alimentos, que constitui a Usina de Beneficiamento de Leite, sucos e fabricação de derivados como queijos, doces, geleias, etc. Foram também visitadas o hospital veterinário, que abrange as unidades de pequenos e grandes animais e animais silvestres, além de unidades de hospitalização, Centro Cirúrgico e Diagnóstico por Imagem. Segundo os professores, há um interesse de assinar um Convênio de Colaboração Científica entre a Ufersa e a UAB, através do qual será possível a submissão de projetos conjuntos para financiamento de atividades de pesquisa e formação de recursos humanos.
INTERNACIONALIZAÇÃO DA PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
O Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Ufersa vem investindo nos últimos anos nas relações com universidades e centros de pesquisa de excelência. Há cerca de 4 anos, o programa vem desenvolvendo projetos conjuntos com a Universidade de La Laguna, nas Ilhas Canárias – Espanha (ULL), com o objetivo de estudar os sistemas de produção e os esquemas de seleção e melhoramento genético de caprinos e ovinos adotados em áreas semidesérticas. Dentro desse contexto internacional, o programa ainda aprovou o projeto “Conservação IN SITU de ruminantes e biodiversidade do Bioma Caatinga”, através do qual a Ufersa recebeu como Pesquisador Visitante Especial o Professor Luis Alberto Bermejo, da ULL. Este projeto também contempla a vinda de três Pós Doutorandos para a Ufersa, além de 3 bolsas de doutorado sanduíche, sob a orientação do professor Luis Bermejo. O reitor da Ufersa, o professor José de Arimatea de Matos, enalteceu o crescimento da internacionalização da Ufersa. “Estamos investindo nessas parcerias internacionais e já começamos a ver os resultados. A Ufersa é referência no Nordeste e trabalhamos para obter cada vez mais conhecimentos de fora e levarmos as nossas pesquisas também para o exterior, para que o mundo conheça a ciência que vem sendo desenvolvida na nossa universidade”, comentou o reitor.