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Comunicação

Pesquisa analisa diversidade de pequenos mamíferos da Caatinga

Estudante, Meio Ambiente, Pesquisa 20 de julho de 2021. Visualizações: 3737. Última modificação: 20/07/2021 11:40:16

Pesquisa objetiva fazer levantamento da diversidade e estudar a dinâmica da comunidade e das populações de pequenos mamíferos não voadores do bioma caatinga/Foto: Divulgação

O compromisso com a pesquisa científica tem levado, mesmo em meio a uma pandemia, um grupo de estudantes do curso de Ecologia da Universidade Federal Rural do Semi-Árido a dar continuidade ao trabalho de iniciação científica. Adotando todas as medidas preventivas contra a Covid-19, os estudantes têm ido a campo para captura de animais e realizar a coleta dados da pesquisa Ecologia e diversidade de pequenos mamíferos da Caatinga: roedores e marsupiais (mamíferos de bolsa).

O trabalho tem como campo de estudo a Fazenda Experimental Rafael Fernandes, localizada na zona rural de Mossoró – RN, de propriedade da Ufersa, com a coordenação da professora Cecília Calabuig, do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde e coordenadora do Laboratório de Ecologia e Conservação de Fauna Silvestre.

Estudo é pioneiro na Caatinga do RN/Foto: Divulgação

A pesquisa objetiva fazer um levantamento da diversidade e estudar a dinâmica da comunidade e das populações de pequenos mamíferos não voadores como ratos, cassacos e gambás. Ao todo, são 100 pontos de captura de animais totalizando 115 armadilhas. “Trata-se de um projeto de longa duração é de extrema importância para se conhecer os paramentos demográficos de cada espécie e necessidades ecológicas que, num futuro, servirão para estabelecer estratégias de conservação, tanto para a espécie como para o habitat”, explicou a professora Cecília Calabuig.

O estudo é pioneiro na caatinga do Rio Grande do Norte, numa área que ainda mantem todas as características dessa vegetação preservada. “Aqui não temos a influência antrópica, ou seja, da ação do homem, que possa prejudicar o estudo ao longo do tempo”, pontuou a professora. A pesquisa vai mostrar como os animais estão se comportando, verificar as taxas de natalidade e mortalidade, a reprodução, enfim, averigua todos os parâmetros demográficos desses animais que habitam a área da Fazenda Rafael Fernandes.

Roedor capturado pela armadilha/Foto: Divulgação

Para coletar os dados, as saídas de campo são realizadas mensalmente ou bimensalmente e têm duração de uma semana. Para realizar o trabalho o grupo de estudantes fica alojado na casa da Fazenda Experimental da Universidade. Nesse período, são realizadas capturas diárias de espécimes para fazer coletas de amostras/dados, marcação. Após a triagem os animais são soltos no habitat natural.

Dentro da equipe há três alunos de Iniciação científica e uma aluna de Doutorado trabalhando com diferentes aspectos dessa comunidade. Luan Arthur Queiros Lima, do sexto período de Ecologia, por exemplo, trabalha com termodinâmica em pequenos mamíferos da Caatinga, medindo diferentes temperaturas corporais para entender as adaptações que esses animais apresentam em climas extremos. “São animais de hábitos noturnos, antão, armamos as armadilhas para a captura à noite”, explicou Arthur Lima.

Thiara Maia, sexto período, trabalha com dieta alimentar de marsupiais/Foto: Divulgação

A estudante Thiara Guimarães Maia, também do sexto período, trabalha com dieta alimentar de marsupiais para obter o conhecimento acerca dos recursos alimentares que essas espécies consomem na Caatinga. A estudante observa as possíveis variações no consumo a partir do sexo, idade e sazonalidade. “Já observamos uma existência de variação na alimentação a depender do período do ano”, adiantou a estudante.

Talita Monielly, desenvolve um estudo com ectoparasitas/Foto: Divulgação

Em outra linha de pesquisa, Talita Monielly Alves de Oliveira, do sexto período, desenvolve um estudo com ectoparasitas de espécies sinantrópicos. O objetivo é saber quais as espécies de carrapatos acometem os pequenos mamíferos e, se de fato por serem animais periurbanos (perto da cidade), existe alguma influência nessa ocorrência. “Faço a inspeção no corpo do animal e coleto os carrapatos que serão analisados em laboratório para saber que espécies estão acometendo os animais”, explicou.

Já a pesquisa de doutoramento da Viviane Morlanes, pelo Programa em Ciência Animal da Ufersa, tem como enfoque o estudo da variação de densidade na comunidade ao longo do tempo, levando em consideração a sazonalidade; caracterizando épocas reprodutivas e diferentes etapas etárias nas diferentes espécies.

Luan Arthur no trabalho de captura de animais/Foto: Divulgação

A professora Cecília Calabuig apresenta alguns resultados preliminares importantes da pesquisa citando que já se sabe que existe semelparidade total ou parcial em algumas espécies, o que significa que elas podem viver apenas para um ciclo reprodutivo ou, no máximo dois, graças ao enorme gasto energético a que se submetem. A pesquisa identificou que a época reprodutiva acompanha a época de chuvas na Caatinga e que a única espécie exótica, o Rattus rattus, conhecida popularmente como rato-preto, se reproduz durante todo o ano; que a ocorrência das espécies varia dependendo a época do ano e que pode estar ajudando na partição de recursos entre algumas espécies; que a Caatinga possui recursos suficientes e fornece diferentes recursos alimentares para a comunidade dependendo da época do ano. “Ainda há muito para se saber”, frisa a professora Cecília.

A pró-reitora de pesquisa e pós-graduação da Ufersa, professora Débora Evangelista, ratifica a importância do trabalho coordenado pela professora Cecília Calabuig para a preservação da biodiversidade da caatinga e, consequentemente, do semiárido. “Um estudo voltado para a investigação da biodiversidade animal tendo como instrumento a conservação desse ecossistema”, considerou. Para a professora Débora, manter o equilíbrio ecológico representa “sintonia com a sustentabilidade social, política e ambiental que são aspectos importantes em discussão na agenda nacional e internacional”.

Além desse grupo diretamente envolvido com o campo e coleta de dados, o projeto têm muitos colaboradores de outras Instituições como a: UERN, UFPE, UFRPE e internacionais como a Universidad de Córdoba, Universidad de Huelva e Consejo Superior de Investigaciones Científicas- EBD.

Para coletar os dados, as saídas de campo são realizadas mensalmente ou bimensalmente, na Fazenda Rafael Fernandes, têm duração de uma semana/Foto: Divulgação