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Comunicação

Pesquisadores criam escala para avaliação da dor em jumentos

Pesquisa 11 de setembro de 2020. Visualizações: 2041. Última modificação: 11/09/2020 08:25:33

Defesa de Maria Gláucia de Oliveira, aluna do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal da Ufersa, sob orientação da professora Valéria Veras de Paula. Elas desenvolveram, em parceria com a Unesp/Botucatu, uma escala para avaliar a dor nos jumentos.

As condições de bem-estar voltadas para jumentos são muitas vezes negligenciadas ou são adotadas práticas empregadas para cavalos, principalmente no tocante ao diagnóstico e tratamento da dor, o que é um erro, dada a diferença entre as espécies. A partir deste contexto que Maria Gláucia Carlos de Oliveira, aluna do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal (PPGCA) da Ufersa, sob orientação da professora Valéria Veras de Paula, desenvolveu sua tese com o objetivo de registrar comportamentos relacionados à dor em asininos e construir uma escala para avaliar a dor aguda nesses animais.

Segundo a professora Valéria, a dor tem sido historicamente negligenciada em animais e o seu reconhecimento e quantificação ainda são um desafio a ser superado, sobretudo em equídeos. “É fundamental que os profissionais envolvidos no seu controle sejam capazes de identificá-la e intervir o mais precocemente possível. A dificuldade de definir a dor nos animais está no fato desta ser uma análise subjetiva”, pontuou a docente. Dentre os efeitos deletérios da dor, destacam-se a diminuição na ingestão de alimentos e consequente catabolismo protéico, com utilização ineficiente de substratos energéticos; alteração do padrão respiratório, levando a hipóxia, hipercalemia e acidose, automutilação; hipersensibilidade central e dor crônica além de distúrbios do sistema cardiovascular.

O principal comportamento relacionado a dor nos jumentos foi a elevação do membro pélvico. Foto: Cedida.

O estudo foi desenvolvido com 44 jumentos adultos que foram submetidos à castração. Os animais foram monitorados por vídeos que foram assistidos para registro de toda linguagem corporal expressada pelos jumentos. A escala foi construída a partir desses vídeos, associado a comportamentos álgicos descritos para equinos, seguido de validação de conteúdo. A escala foi avaliada por três avaliadores cegos e um observador padrão-ouro, por meio de vídeos editados referentes ao pré-operatório e pós-operatório. A validade de conteúdo, sensibilidade, especificidade e a capacidade de resposta dos comportamentos foram utilizados para refinar a escala. A professora Valéeria explica que o principal comportamento relacionado a dor nos jumentos foi a elevação do membro pélvico (imagem ao lado). O estudo foi desenvolvido em parceria com a Unesp, campus de Botucatu. “A escala Ufersa-Unesp pode diagnosticar e quantificar a dor aguda em jumentos submetidos à castração, pois o instrumento é confiável e válido, com um escore analgésico de intervenção definido”, explicou.

O artigo oriundo da pesquisa foi publicado na Equine Veterinary Journal. Acesse AQUI. Enquanto que o artigo sobre a escala de dor em asininos está sendo avaliado pela revista. A escala permitirá que qualquer pessoa que trabalhe com estes com estes animais possa utilizar este instrumento de avaliação de dor, podendo identificá-la nestes animais e tratá-la de maneira adequada melhorando o bem-estar destes animais. Os pesquisadores também publicaram o etograma, um catálogo ou inventário de comportamentos ou ações exibidas por um animal usado em etologia.

Outro fruto da tese foi a seleção do artigo “Comportamento de dor pós-operatória associado à castração cirúrgica em jumentos (Equus asinus)” pelo Revisor Clínico como um dos mais relevantes clinicamente para aparecer na seção Visão Antecipada de EVJ deste mês. Como resultado, uma sinopse do artigo será distribuída aos veterinários de equinos via e-News do BEVA (British Equine Veterinary Association) e também enviada a outras organizações, como a AAEP (American Association of Equine Practioners). Além disso, o artigo foi adicionado ao número virtual Working Equid da EVJ, que está disponível em: https://beva.onlinelibrary.wiley.com/hub/journal/20423306/homepage/working_equid_virtual_issue.htm

Além da professora Valéria e da Dra. Maria Glaucia Carlos de Oliveira (Ex-aluna do doutorado do PPGCA/Ufersa), a equipe envolvida nos artigos é composta por Stélio Pacca Loureiro Luna (prof. da UNESP, campus de Botucatu), Talyta Lins Nunes (profa. da UFBA), Paulo Ricardo Firmino (aluno do doutorado do PPGCA), Amara Gyane Alves de Lima (ex-aluna de mestrado do PPGCA), Josiel Ferreira (aluno do doutorado do PPGCA), Pedro Henrique Esteves Trindade (doutorando em Biotecnologia animal UNESP/Botucatu) e Raimundo Alves Barrêto Júnior (prof. da Ufersa).