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Comunicação

Pandemia da COVID-19 traz benefícios para as abelhas

Meio Ambiente 22 de maio de 2020. Visualizações: 1727. Última modificação: 22/05/2020 15:59:43

Na quarta-feira, 20 de maio, foi comemorado o Dia Mundial das Abelhas e, nesta sexta-feira, 22 de maio, é celebrado o Dia do Apicultor. As datas destacam a importância desses animais que são os melhores e mais eficientes agentes polinizadores da natureza, responsáveis pela reprodução e perpetuação de milhares de espécies vegetais, produzindo alimentos, conservando o meio ambiente e mantendo o equilíbrio dos ecossistemas. A comemoração também serve como alerta para conscientizar a sociedade sobre a necessidade de proteger as abelhas que são espécies que estão sob risco de extinção. No entanto, com a pandemia, vários fatores que afetam o desaparecimento desses animais têm sido reduzidos.

Kátia Gramacho, professora da Ufersa referência na área da apicultura / Foto Luana Laise

“Alguns cientistas explicaram ao canal de televisão BBC que as abelhas se beneficiaram nesse período da pandemia por várias razões: houve uma melhora significativa na qualidade do ar com a redução do vai e vem de pessoas e mercadorias, e houve também um favorecimento no crescimento de plantas que atraem as abelhas com a redução dos serviços de limpeza urbana. Eu pessoalmente conversei com alguns meliponicultores e eles me informaram que estão observando mais flores e mais pastejo para as abelhas em áreas urbanas, como em Mossoró”, explica a professora e pesquisadora da Ufersa, Kátia Peres Gramacho, referência na área da apicultura e líder do Projeto de Pesquisa “S.O.S Abelhas: preservação e ações educativas”.

De acordo com a docente, outro fator que tem ajudado as abelhas é a diminuição da poluição por causa da redução da emissão da fumaça de carros e indústrias, o que possibilitou que as abelhas possam sentir mais facilmente os aromas que as flores emitem e que as direcionam para as plantas a serem polinizadas. Outro benefício em decorrência da COVID-19 é que o consumo de produtos apícolas aumentou consideravelmente como, por exemplo, o própolis, mel e geleia real e isso tem sido muito bom para os apicultores.“Por outro lado, tem se observado um aumento no desmatamento das florestas na Amazônia onde acredita-se que por conta do isolamento as pessoas estão usando isso para se aproveitar da falta de fiscalização e isso vai ser muito prejudicial para as abelhas”, complementa.

Professora Kátia Gramacho na Fazenda Experimental da Ufersa. Fonte: Cedida.

PÓS-PANDEMIA – Em uma perspectiva futura, após a descoberta da vacina contra a COVID-19 e o fim do isolamento social, a professora explica que os benefícios conquistados durante a pandemia poderiam ser mantidos por meio de algumas práticas que envolve uma reflexão global da relação do homem com a natureza. Segundo ela, podíamos plantar plantas melíferas, consumir mais produtos orgânicos e rever a forma como lidamos com a natureza, reciclando o lixo e produzindo menos lixo. “Devemos buscar rever o que a ciência nos ensina, pois as mudanças antropomórficas são gigantescas provando perdas irreparáveis como por exemplo das abelhas que fazem o papel ecossistêmico. A ciência tem alertado sobre as mudanças climáticas globais e isso tem que ser revisto e repensando, por exemplo, a perda de habitat para a agricultura.”

Ela alerta que no pós-pandemia, a natureza pode continuar a recuperar seus espaços, mas para isso seria necessário pensar na manutenção de áreas naturais para as abelhas, ampliar as reservas naturais e não as destruir; além de diminuir a quantidade de biocidas e adotar práticas amigáveis para seu uso. “Foi apontado ontem que as emissões de dióxido de carbono voltaram a aumentar e isso é muito preocupante, portanto, temos que nos preocupar em combater o aquecimento global, o que ajuda a preservar as abelhas e os ecossistemas do planeta”, finaliza.

Durante aula de campo com alunos de Zootecnia e Agronomia da Ufersa. Fonte: Cedida.